quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

COLÔNIAS ESPIRITUAIS

 
Desde a chegada do Espiritismo no Brasil, há décadas, vem se acumulando assustadoramente livros e livros de espíritas e espíritos que estão na prateleira do Espiritismo. Entretanto, basta um leitor mais cuidadoso confrontar o conteúdo com a base da Doutrina Espírita, O Livro dos Espíritos, que veremos o choque de conceitos, claramente expressos entre um e outro. Ao cúmulo deste confronto ideológico de conceitos dá-se o nome de “Colônias Espirituais”.


Os incautos podem então afirmar que tanto numa quanto noutra obra são transcritas palavras de espíritos e nada há para validar ou invalidar as afirmações. Contudo, ao curioso e atento leitor que pretenda se denominar Espírita, não há de ter passado despercebido bem no início de O Evangelho Segundo o Espiritismo – outra obra considerada básica no cerne doutrinário espírita – a referência ao Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE). Temos ali, revelados numa linguagem relativamente simples e inteligível, o caminho das pedras para a validação de uma obra espírita, inclusive e principalmente, o caminho de aferição da própria Doutrina Espírita, que não “caiu do céu” simplesmente, como acontece com tanta literatura fácil no meio.


O CUEE mostra a preocupação dos Espíritos, acatada por Kardec em todo o seu trabalho, do uso de metodologia, razão e bom senso. O cuidado no aceitar qualquer coisa que venha de um médium ou de um espírito está refletido no alerta do CUEE e também em toda a obra O Livro dos Médiuns.


Deparamo-nos então com dois tipos de erros: a preguiça de aferir pelo método aquilo que supostamente é revelado como novo e o descaso com o rico conteúdo doutrinário que, apesar de não estar fechado, ainda é jovem e fonte preciosa de estudos e revelações. E não raras vezes, a doutrina é rechaçada pela prática espírita vigente, virando mero objeto de ilustração, inspirando por aí, seus supostos “filhos” ou afiliados, mas que não trazem em suas obras, observações e práticas doutrinárias - o fruto que comprovaria seu DNA, se é que assim se pode dizer.


No mais, ainda na referência ao Controle Universal do Ensino dos Espíritas, temos o alerta tão especialmente registrado:


Os Espíritos Superiores procedem, nas suas revelações, com extrema prudência. Só abordam as grandes questões da doutrina de maneira gradual, à medida que a inteligência se torna apta a compreender as verdades de uma ordem mais elevada, e que as circunstâncias são propícias para a emissão de uma ideia nova. Eis porque, desde o começo, eles não disseram tudo, e nem o disseram até agora, não cedendo jamais à impaciência de pessoas muito apressadas, que desejam colher os frutos antes de amadurecerem. Seria, pois, inútil, querer antecipar o tempo marcado pela Providência para cada coisa, porque então os Espíritos verdadeiramente sérios recusam-se positivamente a ajudar. Os Espíritos levianos, porém, pouco se incomodando com a verdade, a tudo respondem. É por essa razão que, sobre todas as questões prematuras, há sempre respostas contraditórias.


Como é vida após a morte? Seria a pergunta chave que culmina em tanta controvérsia entre espíritas diversos.


Defensores do relato dos Espíritos Superiores, laboratório de estudos psíquicos de Kardec, e outras obras mais ligadas ao Espiritismo sério acham graça dos mitos que permeiam as crenças: umbrais, colônias, hospícios, hospitais, verdadeiros ‘elefantes brancos’ espirituais, que, em suma, se existissem, não justificariam a encarnação, pois sendo cópia do mundo terrestre, desnecessário seria aos espíritos deste mundo encarnarem para sua evolução.


O choque materialista trava a batalha entre razão e emoção por evitar conceber um mundo espiritual sem os acessórios terrenos.


Na instrução dos Espíritos da Codificação concluímos, após leitura atenta, que a Terra não é uma cópia do plano espiritual, sendo este o principal, e o material, secundário, que poderia até mesmo nem existir.


O mundo espiritual é fruto das nossas necessidades materiais e orgânicas enquanto espíritos encarnados, desnecessário, portanto, ao espírito desencarnado, cujo foco é o seu progresso intelectual e moral.


O ambiente terrestre também pode ser concebido como o laboratório onde iremos colocar em ação vivencial os nossos avanços. Se na erraticidade tivéssemos uma cópia da terra, encarnar seria supérfluo e desnecessário. Não haveria motivo para encarnar, se o mundo espiritual apresenta as mesmas condições materiais para se evoluir.


Em certa literatura que se denomina espírita lemos:


O Umbral – continuou ele, solícito – começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos. [...] O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima, a prestações, o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.


Entra então o conceito de existir. Será existência "real/material" ou "psíquica"?

Segundo O Livro dos Médiuns, nos redutos espirituais não há existência concreta, são de curta duração, transitórios, fluídicos... O Livro dos Espíritos afirma que não existe purgatório e nem local destinado a penas ou sofrimentos, mas aglomerações por afinidades de Espíritos ainda apegados à matéria. Necessidades materiais apenas são contempladas em mundos materiais e não num contexto espiritual.


Os espíritos na erraticidade se encontram numa dimensão invisível ao nosso olhar racional, mas tecnicamente podem estar aqui do nosso lado, se ainda apegados aos nossos impulsos primários e muito distantes, se avançados em sua evolução.


Cabe-nos entender principalmente que o caminho evolutivo é longo e penoso, não só para os que desligados do corpo terrestre, caminham para o fim destinado a todos os espíritos – o da purificação – como também aos que se encontram neste intervalo encarnatório, em lutas quixotescas contra as páginas de Kardec e dos Espíritos da Codificação que tão bem ilustram nossas dúvidas e anseios do porvir. Duvidas estas embaçadas pelos nossos olhos que se recusam a ver e por nosso orgulho que se recusa a entender.


REFERÊNCIAS

KARDEC, Allan, O Livro dos Espíritos – 1857. Tradução Ed. Lake, 1995, Herculano Pires

KARDEC, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo - 1863, Tradução Ed. Lake, 2003, Herculano Pires

XAVIER, Chico , Nosso Lar - Ed. Feb, 1944 - 45ª edição

Fonte: NEFCA - http://www.nefcateste.com/novo/node/225, IN: O Blog dos Espíritas


28 comentários:

  1. Independente de qualquer que seja a verdade, todo meu respeito e gratidão à missão e nobreza de Chico Xavier, que, com certeza, trabalhou com finalidade útil e com as bençãos de DEUS. Nosso Lar pra mim é extraordinário e espetacular, mudou minha vida e a de muitas outras pessoas. A compreensão virá a seu tempo e os princípios da obra são todos nobres, a meu ver. Os outros detalhes, quem sabe, o mundo é muito amplo e as moradas de DEUS infinitas. Quando estivermos prontos para agir conforme os espíritos nobres envolvidos na obra em questão, talvez estejamos aptos a conhecer mais algum aspecto da verdade. DEUS esteja conosco ! Paz e Luz !!!!!!!

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  2. Caro Giovanni, seja bem vindo ao Blog Um olhar Espírita. inicialmente, vale observar que a questão da fé é algo muito pessoal (as religiões ortodoxas que o digam). Quanto ao médium Chico Xavier, é inquestionável a sua vida de humildade e caridade, conforme artigo publicado nesse blog. Entretano, o que é demonstrado exaustivamente, através das Obras Básicas, é que não existe colônia espiritual nos moldes de uma cidade terrena! A vida espiritual obviamente não poderia ser igual à vida material, pois se assim o fosse, não faria sentido a reencarnação. Basta um estudo mais detalhado das Obras Básicas para que compreendamos o mecanismo do mundo material e do mundo espiritual. Por conseguinte, se nos considerarmos Espíritas, se quisermos considerar uma obra como "espirita", temos obrigatoriamente de nos pautar na Doutrina Espírita, que está Codificada nas Obras Básicas. No que tange as obras de André Luiz/Emmanuel, fica claro o seu caráter espiritualista. Não obstante, longe de poder ser considerada uma obra Espírita, por não se coadunar com os ensinamentos dos Espíritos Superiores que participaram da Codificação.

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    1. Algumas questões para reflexão;

      - Quando alguém está na faculdade, estudando, pesquisando, realizando experiências, vivendo uma vida acadêmica, está dispensável por causa disso de aplicar os conhecimentos adquiridos na vida prática?

      - E se é um estudante de Medicina que disseca corpos também estaria dispensado de exercer a sua profissão fora do meu acadêmico?

      - Sem querer com isso afirmar que existem as colônias espirituais, quero apenas destacar que o argumento empregado aqui para negá-las, a meu ver, não se sustenta.

      - Admitindo a existência das colônias espírituais, que seria uma criação fluídica, haveria necessidade de mais cedo ou mais tarde do Espírito errante ter de ser provado na vida material. Fazendo um paralelo: as colônias espirituais estaria para a vida acadêmica, como a vida profissional para as provas do Espírito na matéria.

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    2. Prezada Graça, interessante suas colocações, embora sempre comparadas com alguma base de leitura.
      Não seria interessante mostrar seu ponto de vista não comparativo?
      Gostaria de ler alguma coisa que se fundamentasse em sua posição atual, sobre o externo, não pegando material escrito por outros amigos.
      Aguardo sua resposta e agradeço pelo trabalho.
      Luciano - Florianópolis

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    3. A minha opinião sobre as colônias espirituais:O bom da nossa Doutrina Espirita é que ela nos leva a vários questionamentos e ao mesmo tempo temos varias direções para tais questionamentos eu vou tentar lhes esclarecer só no seu questionamento quantas visões podemos ter exemplo:
      1º Nós somos sabedores de que somos seres em evolução e, portanto o conhecimento das leis divinas nos é transmitidas conforme o desenvolvimento de nossa inteligência, portanto o ensino dos Espíritos não estão todos contidos na codificação de Kardec eles nos revelaram o que já tínhamos capacidade de compreende-los como somos todos conhecedores as primeiras manifestações foram das maneiras mais rudes possível por intermédio de pancadas e das mesas girantes não por ignorância dos Espíritos mais sim pela a nossa.
      O tempo que nos foi dado desde as primeiras manifestações rudes para as revelações das colônias espirituais foi de aproximadamente um século e nos preparemos para novas revelações quando estivermos capacitados para tal esta já seria bastante esclarecedora mais vamos citar outras.
      2º235. Enquanto permanecem nos mundos transitórios, os Espíritos progridem? “Certamente. Os que vão a tais mundos levam o objetivo de se instruírem e de poderem mais facilmente obter permissão para passar a outros lugares melhores e chegar à perfeição que os eleitos atingem.”
      Nesta questão especificamente os Espíritos estão citando as condições dos mundos transitórios e o mesmo livro dos Espíritos nos informa que existem muitas outras categorias de mundos por exemplo quando os Espíritos vem nos falar das colônias espiritais eles estão nos dando noticias apenas das dimensões espirituais na vizinhança da nossa atmosfera melhor dizendo estão nos dando noticias apenas do andar de cima, mais no edifício divino ainda existem muitos andares que nós com a nossa condição espiritual inferior ainda não somos capazes de termos nem mesmo noticias como os mesmos Espíritos nos revelam em algumas ocasiões que falta terminologia na nossa linguagem para eles nos revelarem algo.

      3º O que não nos deixa duvidas nenhuma a esse respeito é o instrumento humano ao qual se utilizaram os Espíritos para tais revelações como sempre dizemos são revelações tão complexas para o nosso grau de entendimento sobre as leis divinas que elas não poderia serem reveladas por outra pessoa que não fosse com a credibilidade e a respeitabilidade do nosso querido Chico Xavier.Questionar a vericidade das obras Emanuel/André Luiz é o mesmo que se dizer Cristão e só acreditar no Antigo Testamento e relegar o Novo.

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    4. Cara companheira de DE Graça, pretendo não me alongar muito e para tanto coloco a pergunta
      278. Os Espíritos das diferentes ordens se acham misturados uns com os outros?
      “Sim e não.(...)Constituem um mundo do qual o vosso é pálido reflexo. Veja nesse trecho o mundo (ou mundos, ou ainda -DIVERSAS MORADAS DA CASA DE MEU PAI) é o verdadeiro, constituindo o plano material um pálido reflexo daquele..... aí me pergunto... quando é que os espiritas - principalmente os estudiosos - entenderão que se faz necessário ler nas entrelinhas das obras básicas.... Me lembro que Dona Yvonne Pereira, manteve engavetado a obra Memórias de um suicida, exatamente por análises refutáveis a respeito de colonias espirituais; teve que ser empurrada para tal cometimento, diga-se de passagem pelo inolvidável Leon Dennis, porque o espírito Camilo Castelo Branco não tinha conhecimentos doutrinários para expor na obra e isso teve que ser feito por Leon e com e por sua insistência essa importante obra nos foi apresentada. Essa obra também tem colonia espiritual, pode-se (sim) duvidar e questionar Chico, Emmanuel, etc.. sendo até natural. Porém, pergunto com tantas obras a respeito não está sendo cumprido o CUEE de KARDEC???? Podemos também citar que existem no universo 2 elementos gerais Espírito e Matéria - acima de tudo Deus o Criador, portanto em qualquer lugar do universo existe matéria em suas diversas modificações, e ela pode ser mentalmente manipuladas pelas inteligencias superiores. Para finalizar creia o chamado plano físico é espiritual também, pois é habitado por ESPÍRITOS ENCARNADOS, portanto se é habitado por espírito é espiritual também, será difícil entender isso???? rsrsrsrsrs- abraços fraternais, desse eterno aprendiz...

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  3. Maria, não vejo contradição em se lembrando que a vida original é na espiritualidade. A Terra é que pareceria com lá. Não vejo descrita uma vida estritamente igual a material nas cidades espirituais, não é o que li descrito em obras como Mecanismoa Da Mediunidade, com uma riqueza doutrinária no que concerne o tema obsessão ímpar! Nossa esfera ainda é muito material e sabemos que o perispirito é mais ou menos etéreo (ou material) conforme o grau de evolução deste e no livro dos médiuns se menciona a capacidade dos espiritos de moldar os fluidos de "uma matéria quintenssenciada", criando. Decerto, os espíritos não vivem no nada. Como é lá? Se as obras básicas não dão detalhes maiores, não liquidaram o assunto...Ademais, não existe nascimento nem desencarnação no mundo dos espíritos. Quando reencarnamos, esquecemos nosso passado. No mundo dos espíritos, provavelmente teríamos que defrontar com inimigos que muitas vezes não estariam dispostos a esquecer o que fizemos a eles. Sem esquecimento do passado, o que só ocorreria numa nova encarnação, o que fazer? Esta já seria uma razão suficente para reencarnarmos não obstante cidades espirituais. Estou escrevendo sem argumentar muito, para fazer um texto elaborado necessitaria tempo. Os espírtos se reunem conforme seu grau de evolução em agrupamentos. Se reúnem aonde? Mas concordo em muitos pontos com tais idéias, porque o igrejismo que transforma médiuns em ídolos e muitas pessoas que nunca leram as obras básicas também me deixam perplexo. Penso que as obras básicas não refutariam as cidades espirituais porque essas não se enquadrariam no esquema Céu/inferno/Purgatório. AS obras psicografadas pelo Chico dão conta de espíritos indo, vindo de tais lugares. Eles não são circunscritos a este ou aquele lugar. Os umbrais por exemplo não são locais exclusivos de sofrimento.Para muitos espíritos endurecidos, não poderia haver lugar melhor. Tais espíritos ficariam aonde na erraticidade? Os lugares superiores são interditados a eles. Onde ficariam?Compreendo teu ponto de vista, é razoável, muito razoável diga-se de passagem. Posso estar completamente equivocado nos meus argumentos, mas é do debate, é nele que crescemos. Não encontro negação da existência deles (umbrais, cidades, mas inferno, céu, sim,negados peremptoriamente) confrontando vários trechos das obras básicas entre si, em especial do LE. Talvez neguem no sentido de não fazer nenhuma menção concreta. Mas se eles ( os espíritos) se reúnem, torno a perguntar, onde é isso? Em algum lugar tem que ser pois não existe vaccuo como dizem as obras básicas (Questão 36, LE - o que seria esta matéria que escapa aos nossos sentidos?)? Bem, muito me alonguei, quero dizer que as obras básicas são o meu farol e é bom que se instigue as pessoas a lerem mais e refletirem mais. As obras básicas são o alicerce, e sem eles, o prédio rui! Maria, obrigado por proprocionar tais reflexões. De resto, Fora da caridade não há salvação. Pensando diferente ou não, que caminhemos para nos amar fraternalmente. Um abraço fraterno!

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    1. Caro amigo, recomendaria que lesse atentamente os dois artigos intitulados "Análise crítica do texto Alimentação dos Espíritos..." 1ª e 2ª parte, também publicado neste Blog. Acho que algumas das suas considerações podem ter sido tratadas no mesmo. Outro ponto a se observar, é que quando o autor está tratando de colônias espirituais, não é o caso do livro Dominios da Mediunidade, pois nesta obra o Espírito de André Luiz se reporta a visitas a grupos mediúnicos para analisando e estudando o fenômeno mediúnico - e sím a cidade denominada por André Luiz de Nosso Lar, com seus muros de proteção, casas, ministérios, hospitais, bosques, jardins, etc., etc. Abraço.

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    2. De fato, não é o tema dominante, mas ainda sim faz menção como em quase todas obras da série André Luiz que quando não tratam do tema diretamente, a ele se reportam. Li todas elas Maria (bem como As obras básicas, que repito, são meu norte). Inclusive no capítulo "Sonambulismo Torturado!", o instrutor Aúlus comenta com André Luiz e Hilário a condição de uma mulher que acorre junto ao centro espírita com seu então esposo e sobre como ela sofreu "nas regiões inferiores" (cidades trevosas, isto é, cidades espirituais, embora habitadas por espíritos inferiores).Um abraço! Oi, sou o mesmo que postou antes (R de Ricardo), postarei como anônimo porque de onde estou o google (gmail) é bloqueado!

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  4. Que seremos ao desencarnarmos?
    Estamos encarnados na Terra para provas e expiações, por isso somos, na esmagadora maioria, Espíritos inferiores. Ao desencarnarmos seremos, na quase totalidade, Espíritos errantes e isso está bem claro na resposta à questão 224 de O Livro dos Espíritos de ALLAN KARDEC, ou seja, nos intervalos da encarnações a alma é um "Espírito errante, que aspira a um novo destino e o espera".
    A erraticidade não é um sinal de inferioridade entre os Espíritos, pois estes ali existem em todos os graus (cf. resposta à questão 225, op.cit.), mas somente os Espíritos Puros não são errantes, pois seu estado é definitivo (cf. resposta à questão 226, op. cit.).
    Enfim, Espíritos errantes são aqueles em trânsito, que esperam uma oportunidade de reencarnação em nosso planeta ou em outro... Embora possamos evoluir no estado errante – através do estudo do nosso passado e observando os lugares que percorrermos, ouvindo os homens esclarecidos e captando os conselhos dos espíritos mais elevados (cf. resposta à questão 227, op. cit.) –, é através da existência corpórea que pomos em prática as idéias adquiridas na erraticidade (resposta à questão 230 'in fine').
    Ao desencarnarmos, a nova vida é eminentemente espiritual, nada de mundos especiais, "cópias aperfeiçoadas dos objetos da Terra", como dizem alguns confrades. O mundo da erraticidade é um mundo de reflexão em que nos preparamos para uma nova encarnação, mas essa preparação não tem nada de material.
    Alguns argumentam que aqueles Espíritos mais terra-a-terra não conseguiriam viver sem a matéria !!! Ora, se não conseguirem viver sem a matéria, ao desencarnarem não sairão daqui do orbe terrestre, é o que se infere do início da resposta à questão 232 de O Livro dos Espíritos, isto é: "(...) Quando o Espírito deixou o corpo ainda não está completamente desligado da matéria e PERTENCE ao mundo em que viveu ou um mundo do mesmo grau(...)"– o destaque é nosso.
    O Céu, o Inferno, o Purgatório, as Colônias espirituais, são fantasias espirituais sem nenhuma sustentação científico – doutrinária, são elucubrações místicas de Espíritos ainda apegados à matéria e de algumas pessoas simplórias que não conseguem conceber o mundo espiritual sem materialidade.
    Ao desencarnarmos na Terra, um planeta inferior, por melhores que sejamos não atingiremos , imediatamente, a condição de Espíritos Puros e por mais obstinados que sejamos no mal, não ficaremos eternamente nessa condição de "legionários infernais", pois a Providência Divina nos dá o livre-arbítrio, propiciando-nos o arrependimento. A Lei Divina é Misericordiosa... Iso Jorge Teixeira

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  5. Olá Maria.Bem, o Céu, o Inferno, o Purgatório sim,fantasias, mas as colonias esprituais não são refutadas em nenhuma parte das obras básicas de forma direta. Volto a perguntar porque não respondeste a minha pergunta: Os espiritos se reúnem em assembleías, em grupos afins, Onde? Pairam nessa erraticidade? Aliás, a maneira que descreves a erraticidade é que soa muito contemplativa tal qual as pinturas renascentistas. Se o espirito pode evoluir na erraticidade atraves do estudo do seu passado, o estudo é feito aonde? De que maneira? No nada? Na sua mente? Flutuando sobre a Terra? Para refutar as colonias as equipara ao Céu e/ou inferno, coisa que nehuma obra que as descreve as equipara como tal. "Espírito errante, que aspira a um novo destino e o espera" (grifo seu).
    E ele erra aonde? Contemplando a Terra "lá de cima" inativo? "nova vida é eminentemente espiritual" (grifo seu). Oras, vida espiritual pressupõe inativaidade? Não, como diz a questão 401 do LE: "O espírito jamais está inativo". "Não ficaremos eternamente nessa condição de "legionários infernais", pois a Providência Divina nos dá o livre-arbítrio, propiciando-nos o arrependimento. A Lei Divina é Misericordiosa...Decerto Maria e em nenhuma obra que cite colônias esprituais se diz que os umbrais (por exemplo) são locais de penas eternas ou com essa finalidade específica...como disse antes, há aqueles que inclusive se comprazem em lá permanecer, o que não surpreende, pois dando curso as suas paixões, as darão em algum lugar, não flutuando no espaço...não pode ser equiparado a um lugar de penas, pois se dá conta que os espíritos endurecidos e sofredores assim carregam sua condição em qualquer lugarOra Maria, aqui mesmo na Terra há lugares repugnantes pela assembléia de homens que dá neles curso as suas paixões porque os homens assim os tornaram....se quando um espírito carregado de paixões inferiores desencarna, porque não trataria de criar e/ou buscar locais assim igualmente...

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    1. Ela nunca vai te responder.Porque não existe resposta. A parte que trata dos mundos transitórios é de grande inutilidade,pois se não podemos ir a tais mundos ,porque falar deles? E além do mais existem outras obras que falam da vida em colonias espirituais que não tem nada a ver com André Luiz.Abraços.

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  6. Continuando e aproveitando o gancho, volto a dizer, não trata-se de equiparar a espiritualidade a Terra, mas o contrário disso. Questão 82 do LE: É exato dizer que os Espíritos são imateriais? Como podemos definir uma coisa quando não temos termos de comparação e com uma linguagem insuficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? "Imaterial não é bem a palavra"(Grifo meu), incorpóreo seria mais exato, porque deveis compreender bem que o Espírito, sendo uma criação, deve ser alguma coisa. É uma "matéria puríssima" (Grifo meu), mas sem comparação ou semelhança para vós, e tão etérea que não pode ser percebida pelos vossos sentidos (a descrição dos livros como a que os espiritos aqui dão precisa de uma figura, chame-se de cidades se quiser). E na questão 278 temos:Os Espíritos de diferentes ordens se misturam uns com os outros? Sim e não, ou seja, eles se vêem, mas se distinguem uns dos outros e se afastam ou se aproximam, de acordo com os seus sentimentos, como acontece entre vós.Constituem "um mundo do qual o vosso dá uma vaga idéia" (grifo meu, vaga idéia, não igual).Os da "mesma categoria se reúnem por afinidade" (grifo meu) e formam grupos ou famílias de Espíritos unidos pela simpatia e objetivo a que se propuseram: "os bons, pelo desejo de fazer o bem; os maus, pelo desejo de fazer o mal" (grifo meu), pela vergonha de suas faltas e pela necessidade de se encontrar entre seres semelhantes.

    ☼ "'Exatamente como numa grande cidade' (Kardec), onde os homens de todas as categorias e condições se vêem e se reencontram sem se confundirem; onde as sociedades se formam por semelhanças de gostos; onde o vício e a virtude convivem cada um à sua maneira". Acho que não dá pela resposta acima Maria liquidar tão rápido a questão relegando quem escolhe considerar plausível as cidades esprituais a condição de "algumas pessoas simplórias que não conseguem conceber o mundo espiritual sem materialidade". Quer dizer que quem não tem a mesma conclusão que a sua (pois queira ou não, é a sua interpretação em cima das obras básicas, não o que as obras básicas dizem) é uma pessoa simplória, mas você com certeza seria alguém com raciocínio elaborado, pois se apóia nas obras básicas?? E quem considera cidades espirituais plausíveis não se apóia então, como eu fiz e tantos outros fazem? Perdão Maria, mais uma vez respeito sua opinião, que utiliza corretamente as obras básicas (elas são o farol como postei antes). Eu ainda acho que posso estar equivocado mesmo, mas não tacho quem conclui por seu estudos que não há cidades espiritauais de algum adjetivo desqualificador e/ou pejorativo qualquer. Isso soa arrogante, para não dizer pedante mesmo e em nada contribui para um debate saudável. Um abraço fraterno para amiga que procura se elucidar e elucidar. E perdoe-me se ofendi-a em algum ponto!

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    1. Caro amigo, gostaria que observasse, que a resposta postada acima, foi de autoria do Dr. Iso Jorge Teixeira, publicado no Portal do Espírito. Como achei que atendia aos seus questionamentos, apenas postei como resposta. Não obstante em momento algum tive a pretensão de ofendê-lo, pois se tenho um Blog aberto ao publico, obviamente todos terão a liberdade de expressarem o seu entendimento. Abraço.

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  7. E acrescentando que uma questão sempre levantada pelo partidários de as cidades epirituais serem fantasias é a resposta da questão 1012 do LE, porém quase sempre o interlocutor que a cita como apoio esquecendo que o título do item é "Paraíso, Inferno e Purgatório", isto é, trata dos conceitos católicos, diferente daqueles tratados em livros como "Obreiros da Vida Eterna" de André Luiz, semelhantes aos descritos na resposta à questão 278 do LE. Um abraço fraterno!

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    1. Caro amigo. Analisarei com todo cuidado, todas as suas argumentações, e o seu entendimento, à respeito da existência das colônias espirituais nos moldes do Espírito André Luiz,tendo como base de estudo as Obras Básicas (pois este é o objetivo deste Blog), e aproveitarei para escrever um artigo à respeito, que será oportunamente publicado no presente blog. Um abraço, e saiba que sua participação é valiosa.

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    2. Maria, obrigado pelo seu educado e fraterno retorno. Quando dialogamos isso é bom, isso é um ideal a ser buscado, o diálogo. O contrário, quando deixamos o sarcasmo, a ironia felina entrar nos nossos colóquios, aí deslizamos para aquele terreno em que a resposta a questão 14 do LE seria aproriada: "Isso não os tornaria homens melhores, mas talvez um pouco mais orgulhosos". Um abraço fraterno e lembrando Francisco de Assis, Paz E Bem!

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  8. concordo que o metodo Cuee é o melhor pra a doutrina. Como você faz notar as colonias não passaram pelo metodo,e tambem não passaram mais coisas tipo, Jessu Divino mestre governador do planeta, os finais do tempo estão chegando e os rebeldes irão para um planeta mais primitivo,etc.Mas com isso eu so estou dizendo que tudo pode ser falado dentro da doutrina,desde que se explique principalmente pra quem esta falando que tudo isso é apenas uma opinião pessoal.No meu entender o metodo CUEE deve ser empregado so em questões filosoficas,como o fez Kardec no livro dos Espiritos, os romances não são filosofia como o propio nome ja diz

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    1. Pois é, perdeu-se a capacidade, aliás em todos os campos da sociedade atual, do pensar e criticar, sendo critica a postura filosófica e não a recusa sistemática.
      Agindo-se assim, tudo é possível, e TUDO vira verdade nas mentes simplórias que não ajuízam....

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  9. Veja bem, podemos tecer diversos comentários à problemática das discrepâncias doutrinárias que ocorreram com o advento do "Espiritismo brasileiro", primeiramente que temos por "censores" da literatura e do saber espíritas, desde a criação da FEB, roustangistas diversos a manipularem o processo editorial espirita no Brasil, até o fato mesmo da incompetência científico-doutrinária de muitos desses censores.
    Todos os erros, a nosso humilde ver, devem ser tratados segundo o juízo de Erasto em OLM, "é preferível recusar 10 verdades a aceitar uma mentira".
    Sabemos que TODOS médiuns são falíveis, sejam conhecidos do público ou não; sabemos que MUITOS Espíritos revestem-se de autoridade rotulando-se com esse ou aquele nome, entendemos e aceitamos como roteiro seguro a CUEE mencionada e usada por Kardec, e mesmo assim muitos aceita como você mesma disse colônias/ umbral/ bônus-hora/ Exilados de Capela, e tantos outros anacronismos doutrinários.
    Afinal eles vendem, não é?
    Afinal existem muitos "vivendo" disso!
    É uma pena que vejo hoje a doutrina do Espíritos, racional, filosófica, moral e transparente como uma poça de água elameada com tantas bobagens.....
    Fazer o que? Perseveram na pureza doutrinária não ortodoxa e ao final da presente encarnação poder dizer como o homem sem camisa de Eça de Queiroz, de mim para mim mesmo: - " Eu venci o mundo!" pois não me corrompi com essas tolices públicas...
    muita paz!

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  10. Graça, aprecio seus questionamentos e eles fazem todo o sentido pra mim. Precisamos analisar melhor essas questões, pois elas derrubam os princípios mais elementares da doutrina, a reencarnação e a reforma moral.

    Essa vida muito parecida com a terrestre leva a que? e essa organização urbana não sofrerá as "paixões" dos espíritos cheios de "paixões"?

    Seus textos me fazem meditar e agradeço muito.

    abraço.

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  11. Essa questão da colônias Espirituais é bastante interessante. Gostaria de saber "in loco", se elas realmente existem. Como não sei o caminho para fazer isso, o que posso fazer é acreditar ou não. Mas, uma outra questão me intriga: se o mundo espiritual é o verdadeiro e o material até poderia deixar de existir sem que aquele fosse abalado, então, porque não fazemos nossa evolução no próprio mundo real, espiritual,original como é dito?

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  12. A questão da necessidade de passarmos pelos os mundos materiais vamos tentar sermos o mais claro possível sob esse questionamento. Então vejamos eu não sei qual o conhecimento que o nosso amigo Raimundo tem sobre os princípios básicos da Doutrina Espirita, uma delas é a lei de evolução ao qual nós espíritos imortais passamos por todos os reinos o mineral o vegetal o animal estamos no hominal caminhando para o angelical, e que no estagio evolutivo que nos encontramos o filtro da carne é o melhor meio de burilarmos nossos espíritos imortais, mais meu amigo Raimundo não nos precipitemos, pois quando conseguirmos extrair as cascas mais grosseiras das nossas inferioridades passaremos a evoluir em mundos imateriais rumo ao propósito de todo ser imortal que é tornarmos espíritos perfeitos o mesmo que espíritos angelicais. Muita paz a todos e continuemos a nossa jornada evolutiva agradecendo a Deus nosso pai de amor e de misericórdia pelo o caminho evolutivo já percorrido e que ele possa nos auxiliar para que possamos continuar a nossa jornada com fé e esperança.

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  13. Então do dia pra noite temos que negar a existência das colônias espirituais? Quando houve a codificação por Kardec, as pessoas não estavam preparadas para saber das colonias, porém só com o tempo e com a disposição de Chico Xavier, o mundo pode "digerir" esta informação. Eu acredito em tudo o que o Chico psicografou, que inclusive me ajudou e ajuda muito até hoje!

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    1. Com é que é? Deixa ver se entendi...

      No tempo de Kardec as pessoas não estavam preparadas para saber sobre "colônias espirituais" semelhantes as cidades materiais em que se: comiam, bebiam, curtiam festejos, concertos musicais, casavam, iam ao banheiro, contrabandeavam...

      Francamente pessoal! Vamos estudar a Doutrina.

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  14. Acredito que temos que estudar sempre as obras fundamentais de Kardec ! O movimento espírita brasileiro se afastou em certa medida do "Gigante de Lion" . Estes debates sempre são muito bons para gente estudar , refletir e comparar , com todo respeito ao nosso querido Chico Xavier (Tenho um grande respeito por ele e sua obra) mais até hoje não li nada tão profundo como as obras de Kardec , muitos falam que certas informações não foram dadas á Kardec pois não era tempo de revelar ? Hora quando se repetiu uma "Turma" como aquela na historia da humanidade ? ( Kardec , Espírito de Verdade, São Luís , Santo Agostinho , Erasto , etc ...) Não sou absoluto em dizer se existe ou não as colônias espirituais mais deveríamos ter mais cuidado com as informações que os espíritos nos trazem , vamos lembrar da questão 226 dos livros dos médiuns - item 9 : " Não existem Médiuns Perfeitos , existe no máximo bons médiuns e que são raros ! E o bom médium é o que se deixa enganar menos vezes". O conceito de mundo espiritual dado nos livros de Kardec e os conceitos dados pelos médiuns brasileiros em geral é muito diferente. Enfim meus amigos , vamos continuar a debater , trocar idéias , estudar mais nunca vamos disputar conhecimento e nunca vamos tomar ter uma atitude "Arrogante" como "Donos da Verdade" somos meros alunos e provavelmente "Repetentes" ....rsrsrsr. Paz para todos !

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  15. Uma vez eu assistir uma palestra muito boa aqui na Bahia,no Bairro de Cajazeiras V,no Centro Espírita Flor do Canteiro que fina no final de linha desse Bairro com a palestrante Cristina Argolo sobre as Colônias Espirituais que cada Bairro e cada país tem sua colônia foi muito interessante pena que não pude acompanhar todas mas muito interessante mesmo.Desde pequena que eu frequento o Centro Espírita e não tenho vergonha de dizer que me sinto muito bem.E daí vem outras perguntas por que eu passo por tantas dificuldades?Por que no mundo acontecem tantas tragédias e existem tantas misérias?Por que eu nasci assim?Por que sinto tal influência,ouço e vejo além desse plano?Ou seja tudo tem um porquê.

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  16. Segundo a codificação Espirita, o que existe é um estado mental do indivíduo...no LE-1012 tá bem claro. PARAÍSO, INFERNO E PURGATÓRIO
    1012. Haverá no Universo lugares circunscritos para as penas e gozos dos Espíritos, segundo seus merecimentos?1
    “Já respondemos a esta pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa. Quanto aos encarnados, esses são mais ou menos felizes ou desgraçados, conforme é mais ou menos adiantado o mundo em que habitam.”
    — De acordo, então, com o que vindes de dizer, o inferno e o paraíso não existem, tais como o homem os imagina?
    “São simples alegorias: por toda parte há Espíritos ditosos e inditosos. Entretanto, conforme também já dissemos, os Espíritos de uma mesma ordem se reúnem por simpatia; mas podem reunir-se onde queiram, quando são perfeitos.”
    A localização absoluta das regiões das penas e das recompensas só na imaginação do homem existe. Provém da sua tendência a materializar e circunscrever as coisas, cuja essência infinita não lhe é possível compreender.

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