terça-feira, 1 de maio de 2012

A Astrobiologia e o Livro dos Espíritos


Por: Sésio Santiago Freire Filho


 
O problema cientifico, filosófico e religioso, a respeito da existência da vida no Universo, pertence a uma ordem de idéias que se apossaram dos homens desde a mais remota Antiguidade.


Duas vertentes ideológicas têm servido de base para várias indagações: a concepção espiritualista admite o primado do Espírito sobre a matéria, conclui que o universo foi criado por Deus, cuja finalidade da formação dos planetas é ser morada da vida e que os seres inteligentes foram convocados a conhecê-lo e a senti-lo em essência; a concepção materialista que, afirmando o primado da matéria sobre o Espírito, conclui que a vida é uma forma de epifenômeno  da matéria, cujo surgimento está submetido às leis causais da Natureza.


Em 1982 a União Internacional de Astronomia cria uma comissão que se destinaria a estudar e a explorar a vida no Universo. Surge então a partir dessa comissão uma nova disciplina científica denominada por Astrobiologia.


A Astrobiologia passa a ser conceituada como sendo a disciplina científica que buscaria entender os meandros da vida que estaria presente nos diversos corpos celestes que integram o Universo. Sua busca inicial seria a compreensão  do surgimento e desenvolvimento da vida na Terra, bem como o que a torna um planeta habitável. O estudo Astrobiológico demanda conhecimentos de diversas áreas do conhecimento Cientifico; dentre essas áreas se destacam: a Biologia, a Química, a Física, a Geologia e a Astronomia. Os Astrobiologistas se valem das informações sobre a vida na Terra para guiar os estudos sobre a vida fora dela.


Sobre a vida na Terra, a maioria dos Biólogos concorda sobre existirem  características comuns entre as “coisas vivas“, visto que é difícil se estabelecer uma definição clara de “vida“. As principais características definidas pela comunidade científica com relação aos seres portadores de vida são as seguintes: Apresentam estrutura corporal organizada – feitos de átomos e moléculas organizados em células. 


Apresentam Crescimento e Desenvolvimento – os seres vivos crescem e se desenvolvem a partir de formas menores e mais simples como, por exemplo, o ser humano: ovo fertilizado, embrião, feto, bebê, criança, adolescente e adulto. 


Possuem a capacidade de Reprodução – Os seres ditos vivos fazem cópias de si mesmos. Cópias exatas (clones), através da reprodução assexuada, e similar, através da reprodução sexuada.


Toma Energia do Ambiente  –  para  manutenção  organizada  de  um organismo vivo, o mesmo precisa tomar, processar e gastar energia. 


Responde a Estímulos ambiente. Por exemplo: os brotos ou ramos de uma planta crescerão em direção à luz.


É Adaptado ao seu Ambiente – as características de um ser vivo tendem a ser adequadas ao seu ambiente. Por ex.: as nadadeiras de um golfinho são chatas e adaptadas para nadar.


Outros objetivos fundamentais da Astrobiologia seriam: A Procura de planetas extra-solares.


 Atualmente foram detectados mais de 349 planetas.


O estudo sistemático das condições de habitabilidade.


A Procura de moléculas relevantes para os sistemas biológicos do cosmos. Como exemplo pode-se citar a descoberta de Hidrocarboneto Aromático Policíclico na composição da galáxia (M101) do Cata-vento.


A detecção espectroscópica da evidência de atividades biológica em outros mundos.


A Procura sistemática de atividades tecnológicas de origem extraterrestres no Universo. Dentre os principias projetos que visão medir vida inteligente em outros orbes do universo, atualmente destaca-se o projeto Phoenix, que consiste em detectar civilizações através de sinais de rádio transmitidas por outro globo celeste.


A Doutrina Espírita a mais de um século antes da fundação da Disciplina Astrobiologica, já preconizava diversos princípios dessa revolucionaria Disciplina. O Espiritismo, através de um dos seus princípios fundamentais, principio esses denominado por ideário da pluralidade dos mundos habitados, mostra a importância do estudo da vida material e espiritual em todas as cercanias do universo. Os espíritos superiores deixaram varias informações em diversas passagens do Livro dos Espíritos, mostrando assim a grande importância do assunto. Em tais passagens, encontraremos ensinamentos pertinentes as mais modernas questões Astrobiológicas.


Podemos citar, por exemplo: No Livro dos Espíritos: Entre as questões 55 a 59, encontraremos as seguintes afirmativas dos espíritos superiores com relação à questão de vida fora do planeta terra: - Sim! Há vida em todos os globos que se movem no Espaço!


- Deus povoou de seres vivos os mundos e pensar ao contrário será duvidar de Sua sabedoria;


- a constituição física dos habitantes difere de mundo a mundo, embora a forma corpórea, em todos os mundos seja a mesma da do homem terrestre, com menor ou maior embelezamento e perfeição, segundo a condição moral dos habitantes;


- mundos afastados do Sol têm outras fontes de luz e calor, adequados à constituição dos respectivos habitantes; muitos mundos têm fontes próprias, tais como, por exemplo, a eletricidade, com outros empregos, sem compreensão terrena;


Entre as questões 172 a 188, teremos as seguintes informações:


- A existência corporal na Terra é das mais grosseiras e das mais distantes da perfeição;


- As diversas existências físicas do homem podem ser na Terra, bem como em outros mundos; o início dessas existências não terá sido aqui, bem como seu término também não o será;


- A multiplicidade de vidas na Terra proporciona uma enorme gama de aprendizados ao Espírito;


- Em cada mundo há uma gradação de valores morais dos seus habitantes;


- O conhecimento de detalhes físicos e morais sobre os habitantes de outros mundos perturbariam aos terrestres, daí não lhes ser revelado ainda;


- A duração da infância e da existência nos mundos superiores a Terra é mais curta;


- O perispírito (corpo que reveste o Espírito) é formado de matéria específica de cada mundo, sendo que os Espíritos puros têm envoltórios “extremamente” etéreos.


Os espíritos superiores no referido intervalo de questões, também elucidaram a Kardec, com relação ao grau de evolução moral dos habitantes de alguns corpos celestes do nosso Sistema Solar.


- Marte seria inferior a terra;


- Júpiter: Seria um planeta muito acima de ambos.


- Sol: Seria um corpo celeste onde não teria habitantes, contudo, seria um local onde ocorreriam determinadas reuniões de Espíritos Superiores.


Com base nessas informações presente no Livro dos Espíritos, observa-se com notoriedade que os espíritos superiores colocaram a doutrina espírita mais de um século atrás, em uma posição de vanguarda perante o conhecimento Cientifico contemporâneo.
 


 
Referencia Bibliográfica

The Search for Life in the Universe, Donald Goldsmith & Tobias Owen, Univ.Sci. Books, 2002

Kardec, O Livro dos Espíritos, Editora Edições FEESP, 9a Edição, (1997).

Origins of Life, Freeman Dyson, Cambridge Univ. Press, 1985


 

6 comentários:

  1. Olá!
    Belo artigo, só fico confuso de imaginar Marte sendo mais inferior a Terra.Porque lá não é visto corpos grosseiros como os nossos ou piores, uma vez que lá é mais inferior que a Terra?
    Que Jesus nos abençoe.

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    1. Caro(a) companheiro(a), seja bem vindo(a) ao Blog Um Olhar Espírita. Transmiti ao autor do artigo a sua dúvida e vou transcrever a resposta dada pelo mesmo:
      - "Gostaria de dizer a amiga leitora, que no meu entendimento até a confusão conceitual faz parte do processo inicial de aprendizado em torno do conhecimento daquilo que denominamos por Espiritismo.
      Entretanto ao passo que vamos estudando de forma metódica as Obras que norteiam o pensamento Espírita, obras essas denominadas por Codificação; a confusão vai se diluindo , pois Kardec e os Espíritos Superiores são bastante claros quando manifestam ao longo da Codificação e das Revistas Espíritas os conceitos doutrinários que servem de substrato conceitual e prático ao Espiritismo,
      Com relação a questão marte, Kardec nos diz na nota de rodapé da questão 188 do Livro dos Espíritos a seguinte definição:
      "De todos os globos que constituem o nosso sistema planetário segundo os Espíritos, a Terra é daqueles cujos habitantes são menos adiantados, física e moralmente; Marte lhe seria ainda inferior, e Júpiter, muito superior, em todos os sentidos. O Sol não seria um mundo habitado por seres corpóreos, mas um lugar de encontro de Espíritos superiores, que de lá irradiam seu pensamento para outros mundos, que dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados. com os quais se comunicam por meio do fluido universal. Como constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis, ao que parece, estariam nas mesmas condições.(...)"

      "Dai cara amiga Leitora simplesmente citei aquilo que nosso querido codificador nos traz ao nosso esclarecimento."

      "Um grande Abraço."

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  2. Cara Graça,

    Sempre achei estes relatos de vida em outros Orbes dadas na Codificação, Revista Espírita e outras obras psicográficas um tremendo "elefante branco", pois até onde sei não bate com nada q a Ciência descobriu até agora.
    Por exemplo, vida em Marte, sabemos que não há, talvez unicelular, talvez... (se é inferior a nossa, então suponho q tenha o mesmo nível de materialidade que nós, no mínimo), vida inteligente nada, é o que nos mostra as sondas enviadas. Se vermos livros (romances) de ficção científica do passado como Perry Rhodan vemos o mesmo erro, ETs em Vênus, Mercúrio (hoje sabemos q seriam carbonizados)etc, mas são romances e hoje sabemos q estão errados, quanto a Revelação dos espíritos superior dão entender q cometeram o mesmo erro que seus correspondentes literários.

    Logo Graça não creio qque o codificador esclareceu nada neste ponto, antes OBSCURECEU, em minha opinião seu crivo racional se equivocou ante o vies literário-romântico de seu tempo, tenho quase certeza q se estudar a litertura espiritualista da época vou encontrar indicios de tal equivoco, e Mistificação espiritual de outro (talvez animismo do médium). Francamente, acho do ponto de vista racional este ponto indefensável a luz dos conhecimentos astronômicos modernos.

    De: Thiagom

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    1. Thiago, boa tarde. Entendo no que concerne ao caso do planeta Marte, que devemos considerar como uma "tese" desenvolvida por Kardec publiacada apenas na Revista Espírita. Vale ressaltar que a RE era como que o "laboratório" das idéias e informações recebidas pelo codificador, e portanto, nem tudo foi codificado nas obras fundamentais. Observe-se que os Espíritos Superiores falam dos mundos habitados, mas não especificam nenhum em especial. Não podemos descartar, como muito bem você falou e Kardec alerta a todo tempo, dos riscos da mistificação, daí, mais uma vez ressalto os comentários sobre Marte, ficaram apenas como material de análise e estudo na Revista Espírita. Abraço.

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  3. Obrigado Graça pela atenção,

    Já havia percebido que o "elefante branco" ficou apenas na Revista Espírita. Acho que isto é um bom exemplo de como tomar "a priori" qualquer comunicação espiritual como verdadeira, seja no espiritismo ou outra corrente espiritualista, extremamente perigoso.

    Também considero o estudo mais profundo de Kardec, sua obra de codificação,inseridos dentro do contexto histórico, e o estímulo do espírito crítico tão bem representado pelo lionês, fundamentais. Aliás gostaria de parabenizar seu blog que em 1 semana me ensinou mais disto que em 1 ano em centro espírita, digo isso com pesar.

    Só queria pontuar e dividir uma preocupação. Sinto que o movimento espírita está dividido em duas linhas: de um lado os puristas da codificação, me lembram os protestantes reformados com sua "sola scriptura", ou seja, somente o que tá na escritura bíblica, de outro os religiosos e até místicos (não é um insulto, só não tenho palavra melhor), que me lembra os evangélicos pentecostais, com seu contato direto com a espiritualidade (i.e espírito santo), trazendo inovações (por mais que não reconheçam) que são condenadas pelos puristas como desvios doutrinários.

    Agora o ponto que quero chegar é:

    1- Kardec nos falou que espiritismo nunca será superado por que acompanharia a evolução da ciência, ou seja, a doutrina evoluiria também, o q para mim quer dizer q ela não está fechada, conclusa, no entanto, já vi um espírita q classifico como purista dizer q se a ciência contradizer kardec, então é ela q está errada, receio que esta postura tem o risco de engessar a doutrina, mumificá-la no século XIX, como asseverou com desprezo um certo cético no site "ceticismo aberto".
    2- A outra linha tem o mérito de difundir a doutrina (veja a semelhança com o pentecostalismo), mas a que custo, da perda do senso crítico, as vezes do próprio bom senso, numa frouxidão doutrinária que beira o rídiculo e o pieguismo,preocupa-me a perda de identidade do espiritismo q ela pode trazer a longo prazo com ele se tornando mais uma forma de esoterismo ou catolicismo com contato com os mortos.
    3- Como sair dessa encruzilhada, sem cair num dos 2 extremos ? Parece-me a velha dicotomia de sempre Fé X Razão.

    Abraço

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    1. Oi Thiago! Realmente o movimento espírita está dividido em algumas vertentes... Aliás escrevi um artigo nesse blog que se intitula "Espíritas, Misticos, Ortodoxos, e Agnósticos", onde faço algumas considerações sobre os posicionamentos tomados. Quanto a evolução da ciência, Kardec é enfático em respeitá-la. Até porque o espiritismo não tem "livro sagrado", mas uma doutrina filosófica, cujo aspecto científico envolveu particularmente as manifestações dos espíritos, e o processo mediúnico. Aliás, hoje já temos universidades e estudiosos, se aprofundando mais e mais no estudo dos fenômenos mediúnicos e na mediunidade. Nos demais aspectos abordados pela DE, ainda estamos longe de alcançar todo o seu conteúdo, pois abarca uma gama de conhecimentos que vai da teologia às penas e gozos futuros! E para finalizar, seria interessante uma releitura de O Livro dos Espíritos, item VII, da Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita quando Kardec trata da Ciência e o Espiritismo. Abraço.

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