domingo, 1 de julho de 2012

Evocar ou Não Evocar Determinados Espíritos?


Por Maria das Graças Cabral


O presente texto tem por objetivo tratar do seguinte questionamento: - Se deve ou não evocar determinados Espíritos nas reuniões mediúnicas? A esse respeito, hodiernamente o procedimento usual e padronizado nos centros espíritas ou grupos de estudo, é o de “não evocação” ou “comunicação espontânea”, em consonância com o entendimento do Espírito Emmanuel, mentor do médium Chico Xavier.

A esse respeito o referido Espírito, no livro O Consolador, psicografado pelo médium acima mencionado, quando indagado se é aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos, assim se posiciona: - “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exeqüibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual.” (O Consolador - pergunta 369, p. 207) (grifo e negrito meus) Como se não ocorresse o mesmo com a comunicação espontânea!

Acrescenta Emmanuel: “Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenômenos espiríticos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutrina. O estudioso bem intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, observar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o merecimento do seu coração. Podeis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidades e méritos ainda distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns.” (O Consolador - pergunta 369, p. 207) (grifo e negrito meus)

Diante das elucidações feitas por Emmanuel, observa-se que sua argumentação se opõe sumariamente à evocação direta, sustentando-se primeiramente no entendimento de que o êxito de tais evocações só poderia ser averiguado no plano espiritual. Indaga-se: - Por acaso o êxito da comunicação espontânea tem como ser apurada com toda a segurança no plano material?! Quais seriam os critérios de segurança? Isso objetivamente ele não aponta.

Em seguida alega que devemos pedir sem exigir, orar sem reclamar, etc.. Será que para Emmanuel evocar, chamar, significa exigir, ou impor aos Espíritos seu comparecimento? Rebate que em razão de nossa precária condição moral não devemos evocar Espírito nenhum. Pondera que com Kardec foi diferente, pois o mesmo executava a extraordinária tarefa da codificação associada às suas virtudes pessoais que estamos longe de auferir.

A argumentação de Emmanuel torna-se inaceitável pois a Doutrina dos Espíritos veio para todos independentemente de grau evolutivo, visando alavancar o progresso do espírito humano. Allan Kardec não teria tido todo o cuidado de explanar de forma clara e pedagógica, desenvolvendo um verdadeiro tratado sobre mediunidade em O Livro dos Médiuns, se não objetivasse que a mediunidade fosse bem compreendida e o trabalho mediúnico seguro e acessível a todos.

No que tange às evocações, nas Considerações Gerais do Capítulo XXV de O Livro dos Médiuns quando trata do tema em tela, o Mestre começa pontuando que “algumas pessoas acham que não devemos evocar nenhum Espírito, sendo preferível esperar o que quiser comunicar-se. Entendem que chamando determinado Espírito não temos a certeza de que é ele que se apresenta, enquanto o que vem espontaneamente, por sua própria iniciativa, prova melhor a sua identidade, pois revela assim o desejo de conversar conosco.” (O Livro dos Médiuns - item 269)

Não obstante, estabelece o Codificador que optar pela comunicação espontânea “é um erro”! Observe-se que taxativamente considera um ERRO a não evocação, justificando seu entendimento com as seguintes palavras: “Primeiramente porque estamos sempre rodeados de Espíritos, na maioria das vezes inferiores, que anseiam por se comunicar. Em segundo lugar, e ainda por essa mesma razão, não chamar nenhum em particular é abrir a porta a todos os que querem entrar. Não dar a palavra a ninguém numa assembléia é deixá-la livre a todos, e bem sabemos o que disso resulta. O apelo direto a determinado Espírito estabelece um laço entre ele e nós; o chamamos por nossa vontade e assim opomos uma espécie de barreira aos intrusos. Sem o apelo direto um Espírito muitas vezes não teria nenhum motivo para vir até nós, se não for um nosso Espírito familiar.” (O Livro dos Médiuns - item 269) (grifei)

Acrescenta ainda que (...) “as comunicações espontâneas não têm nenhum inconveniente quando controlamos os Espíritos e temos a certeza de não deixar que os maus venham a dominar.” (O Livro dos Médiuns - item 269) (grifei) Constata-se que Kardec demonstra a temeridade de lidar com tais comunicações espontâneas, em face da dificuldade de se controlar os Espíritos comunicantes, e obstar de forma efetiva o domínio dos maus. Ou seja, o Codificador não apenas “se interessou” pelas evocações como “sutilmente” afirma Emmanuel. Ele as utilizou de forma sistemática e rechaçou as comunicações espontâneas considerando tal prática um “erro”. Até porque Kardec nunca usou de subterfúgios nem meias palavras. Sempre primou pela correição de vocabulário e clareza de idéias!

Entende-se, portanto que o interesse de certos Espíritos nas comunicações espontâneas está justamente na liberdade que os permite facilmente mistificar. Não obstante, Kardec com muita propriedade argüiu que numa reunião onde a palavra não é dada a ninguém, fala quem quer o que quer, tendo como corolário reuniões desorganizadas, improdutivas e mistificadas.

A esse respeito, faz-se por oportuno também mencionar as sessões mediúnicas onde vários Espíritos se comunicam espontânea e concomitantemente, ocorrendo paralelas doutrinações. Indaga-se: - Uma reunião nesses moldes obedece aos preceitos de organização e respeito que Kardec impinge às sessões experimentais? É óbvio que uma reunião onde várias pessoas falam ao mesmo tempo, denota total falta de urbanidade e descaso pela exposição de cada um. Imagine-se tal ocorrência num ambiente com Espíritos nos mais variados estágios de desequilíbrio!

Diante do exposto, reporto-me a uma publicação de Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1865, intitulada “Nova Cura de uma Jovem Obsedada de Marmande”. Tratava-se de uma jovem de treze anos que experimentava crises convulsivas de tal violência, que cinco homens tinham dificuldade de mantê-la em seu leito. Depois das mais diversas tentativas de tratamento médicos e do padre que rezou missa na intenção da jovem, constatou-se o insucesso dos recursos utilizados.

Daí, um grupo espírita de Marmande consultou os guias espirituais sobre a natureza da moléstia da jovem. A resposta dada pelos guias foi à seguinte: “É uma obsessão das mais graves, cujo caráter mudará muitas vezes de fisionomia. Agi friamente, com calma; observai, estudai e chamai Germaine”, acrescentando que na primeira evocação, o Espírito de Germaine não poupou injúrias e “mostrou grande repugnância em responder às nossas interpelações.” (Revista Espírita - Janeiro de 1865, p. 20/21) (grifei)

Adiante, assevera o narrador que os guias deram a seguinte instrução: “Procedei com muito cuidado, muita observação e muito zelo. Tratareis com um Espírito mistificador, que alia a astúcia e a habilidade hipócrita a um caráter muito mal. Não cesseis de estudar, de trabalhar pela moralização desse Espírito e de orar com essa finalidade.” (...) (Revista Espírita - Janeiro de 1865, p. 21)

No caso em tela observa-se a prática da evocação numa sessão mediúnica de desobsessão, onde em um primeiro momento são evocados os guias espirituais objetivando esclarecimento e orientação de como agir face à complexidade do caso. Num segundo momento obedecendo às disposições dadas pelos guias, é feita a evocação do obsessor.

Na leitura do longo processo relatado na Revista, observa-se a alternância das evocações. Em certos momentos são os guias evocados, e sob a orientação destes evocava-se o Espírito obsessor, até o deslinde total da problemática. Ou seja, de acordo com o presente exemplo publicado na Revista Espírita, Kardec demonstra a prática das evocações nas sessões de desobsessão.

Diante do exposto, constata-se que pela falta de estudo, valorização e respeito aos ensinos ministrados pela Espiritualidade Superior e positivados por Allan Kardec, somos levados a acatar orientações alienígenas, anti-doutrinárias, que não trazem em absoluto a tão almejada segurança das comunicações mediúnicas.

Não obstante vale ressaltar, que todos os ensinamentos ministrados pelo Codificador não provinham de uma teoria própria nem de um único Espírito. Mas de uma plêiade de Espíritos evoluídos e preparados para tão grande empreitada!

Finalizando, fica claro que o médium que se diz espírita deveria obrigatoriamente ter como literatura objeto de estudo e orientação nas práticas mediúnicas O Livro dos Médiuns conjuntamente com a Revista Espírita, repositório de experiências e lições que o Codificador disponibilizou para o esclarecimento dos Espiritistas. Obviamente não desconsiderando as demais Obras Fundamentais que estabelecem o alicerce doutrinário.

No que concerne às evocações, se fizermos uma análise racional e profunda da proposta de Kardec, e o tivermos na conta do maior estudioso e conhecedor da Doutrina Espírita na condição de Codificador, assessorado por toda uma equipe espiritual de elevada evolução, não temos como duvidar do melhor procedimento a ser adotado.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Ed. LAKE. SP/SP, 22ª edição. 2002.
KARDEC, Allan. Revista Espírita. Ano VIII. Janeiro de 1865. Ed. FEB. Brasília/DF. 3ª edição. 2004.
XAVIER, Cândido Francisco. O Consolador. Ditado pelo Espírito Emmanuel. Ed. FEB. RJ/RJ. 17ª edição. 1995.

16 comentários:

  1. Ótimo Graça, parabéns novamente pelo belo e esclarecedor artigo. De fato, as referências à evocação são inúmeras ao longo do trabalho de Kardec. Não há como deixar isso de lado hoje, quando temos acesso facilitado ao conhecimento espírita genuíno. Voltar à base estudando o fundador Allan Kardec é a única forma de nos despojarmos dos condicionamentos infelizes que nos têm sido impostos e que de Espiritismo só tem o nome.

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  2. "Evoca um rochedo e ele te responderá. Há sempre uma multidão de Espíritos prontos a tomar a palavra, sob qualquer pretexto." LM 283, 36,"a"

    Parabenizando a autora pelo artigo, que demonstra seu interesse em defender a codificação, gostaria de sugerir que em sua análise também fosse contemplada, pelo menos (Não limitada ao item 269), o exame do cap 25 de O Livro dos Médiuns: http://livrodosmediuns.wordpress.com/2a-parte-das-manifestacoes-espiritas/cap-25-das-evocacoes/
    Creio, firmemente, que isto a pouparia do ridículo de se investir da autoridade que a levou a classificar o espírito Emmanuel de anti-doutrinário, ou negador de Kardec.
    Para pequena amosta,destaquemos:
    272. Freqüentemente, as evocações oferecem mais dificuldades aos médiuns do que os ditados espontâneos, (...) necessários médiuns especiais, ao mesmo tempo flexíveis e positivos e já em o n. 193 vimos que estes últimos são bastante raros(...). Daí convir que os médiuns não se entreguem às evocações pormenorizadas, senão (...) as evocações nenhum caráter podem ter de autenticidade.

    273. Os médiuns são geralmente muito mais procurados (...) recomendações importantes aos médiuns. Primeiramente que não acedam a esse desejo, (...) que se acautelem das armadilhas (...), que a tais evocações não se prestem, sob fundamento algum, (...); que se recusem a fazer qualquer pergunta ociosa, ou que sai do âmbito das que racionalmente se podem dirigir aos espíritos. (...). Cumpre, pois, se repilam todas as que tenham caráter insidioso, (...). Insistir em questões desta natureza é querer ser enganado. O evocador deve ferir (...), melhor será que se abstenha.
    Convém igualmente que só com muita prudência se façam evocações, (...). O médium, em suma, deve evitar tudo o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que, aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor da "buena-dicha".
    ...
    O estudo do capítulo inteiro pode, sim, inverter a conclusão (tese) original deste artigo.
    Rui

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  3. As afirmações de Emmanuel são bastante claras, ao dizer que "em caso algum", é recomendada a evocação, e também ao estabelecer diferença entre o método do Codificador e o que os espíritas devem utilizar - isto é, ele tinha 'condição especial' para evocar, e nós não podemos -, o que acaba significando lançar ao lixo o capítulo Das evocações de O Livro dos Médiuns. Não cabe aos espíritas tergiversar ao máximo para tentar não ler em uma frase o que ela diz, mas sim ao autor do discurso buscar a clareza necessária e a fidelidade ao pensamento dos Espíritos e de Kardec. Meus parabéns à autora pelo artigo e por não se permitir inebriar pelas desnaturações doutrinárias reinantes no Movimento Espírita.

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  4. “Cada uma destas duas maneiras de operar tem suas vantagens e nenhuma desvantagem haveria, senão na exclusão absoluta de uma delas.” LM cap XXV item 269

    A frase é autoexplicativa, em todo caso acrescento que há que se verificar a finalidade da sessão mediúnica, para se optar em evocar algum Espírito em especial ou adotar-se a comunicação espontânea.

    No LM cap XXIX temos tratado das reuniões, onde observamos que podem ser frívolas, experimentais ou instrutivas. Nas frívolas com certeza de nada adiantará evocar algum Espirito evoluído, posto que eles não perdem seu “tempo” com brincadeiras. As experimentais, por outro lado, têm um fim útil portanto evocar ou não dependerá do objetivo a ser atingido: evocar um parente para consolo mútuo, oportunizar a algum Espírito sofredor algum contato para orientação e consolo, assim por diante. E por fim, temos as reuniões instrutivas que se prestam para obter ensinamentos, é um tipo especial que requer critério para se estabelecer a modalidade, se por evocação ou não.

    Ora, sabemos que nas comunicações com Espíritos desencarnados se estabelecem relações fluídicas entre eles e o médium, que há algum vínculo pela atração e simpatia também com o próprio meio, logo é fundamental utilizar o método adequado à finalidade da comunicação, à condição do médium e à qualidade dos Espíritos que vão se manifestar.

    No LM cap XXV estão amplamente demonstradas quais situações se prestam ou não a evocações, no cap XVI temos as características variáveis dos médiuns onde podemos constatar quais tipos de mediunidade se encaixam melhor para evocações ou manifestações espontâneas, no cap XVII temos quase que um passo-a-passo da evocação segura, nos cap XX e XXIV temos os aspectos morais dos médiuns e dos Espíritos a serem levados em conta, enfim... uma leitura atenta do LM nos apresenta subsídios mais que suficientes para que possamos aplicar corretamente a evocação E as manifestações espontâneas, CONFORME O CASO.

    Abraços.

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  5. Por oportuno, trago completo alguns dos trechos excluídos pelo amigo Rui na referência do LM que utilizou, cuja exclusão modificou o sentido que o tópico pretende abordar:

    Item 272: ... Daí convir que os médiuns não se entreguem às evocações pormenorizadas, senão depois de estarem certos do desenvolvimento de suas faculdades e da natureza dos Espíritos que os assistem, visto que com os mal assistidos as evocações nenhum caráter podem ter de autenticidade.

    Item 273: Os médiuns são geralmente muito mais procurados para as evocações de interesse particular, do que para comunicações de interesse geral; isto se explica pelo desejo muito natural que todos têm de confabular com os entes que lhes são caros. Julgamos dever fazer a este propósito algumas recomendações importantes aos médiuns. Primeiramente que não acedam a esse desejo, senão com muita reserva, se se trata de pessoas de cuja sinceridade não estejam completamente seguros e que se acautelem das armadilhas que lhes possam preparar pessoas malfazejas. Em segundo lugar, que a tais evocações não se prestem, sob fundamento algum, se perceberem um fim de simples curiosidade, ou de interesse, e não uma intenção séria da parte do evocador; que se recusem a fazer qualquer pergunta
    ociosa,ou que sai do âmbito das que racionalmente se podem dirigir aos espíritos. (...) O evocador deve ferir franca e abertamente o ponto visado, sem subterfúgios e sem circunlóquios. Se receia explicar-se, melhor será que se abstenha. Convém igualmente que só com muita prudência se façam evocações, na ausência das pessoas que as pediram, sendo mesmo preferível que não sejam feitas nessas condições, visto que somente aquelas pessoas se acham aptas a analisar as respostas, a julgar da identidade, a provocar esclarecimentos, se for oportuno, e a formular questões incidentes,que as circunstâncias indiquem. Além disso, a presença delas é um laço que atrai o Espírito, quase sempre pouco disposto a se comunicar com estranhos, que lhes não inspiram nenhuma simpatia. O médium, em suma, deve evitar tudo o que possa transformá-lo em agente de consultas, o que, aos olhos de muitas pessoas, é sinônimo de ledor da “buena-dicha”.

    Observa-se em praticamente todo LM que importa muito mais o preparo do médium, a finalidade da reunião e o aspecto moral dos envolvidos, do que a questão da comunicação ser por evocação ou não, enquanto que Emmanuel simplesmente rechaça a evocação sob o pífio argumento de que nós não somos capazes de mensurar a conveniência ou não da evocação e que a comunicação deve se dar ao sabor da avaliação do plano espiritual, sendo que Kardec teve este privilégio devido seu merecimento e finalidade do seu trabalho.

    Por tudo que nos foi ensinado no LM, eis o contrassenso.

    Mais um abraço.

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  6. Gostaría de agradecer ao amigo Rui que, intencionalmente ou não, ao recortar textos kardecianos,alterando(adulterando) o sentido dos mesmos, provocou ótimas reflexões em torno do assunto! Há na Revista Espírita numerosos e elucidativos casos de obsessões, subjugações e possessões em que a evocação é utilizada com êxito por espíritas, como recurso indispensável no tratamento, e nos quais Kardec a recomenda para casos semelhantes. Sem contar diversos outros momentos em que a mesma aparece como prática natural, habitual mesmo, entre os adeptos da Doutrina ao tempo do grande Kardec.
    Diante de tantos fatos em apoio da evocãção, qual proposta vale mais: a do mistificador Emmanuel, ou a do fundador da Doutrina? Abraço!

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  7. Prezados,

    Uma das Obras Fundamentais do Espiritismo, e que é de fácil compreensão, mas parece que nem é lida - O Céu e o Inferno - no capítulo XI, Da Proibição de Evocar os Mortos, Kardec nos diz:

    "14 — Todos os motivos alegados contra as relações com os Espíritos não podem suportar um exame sério. Do próprio empenho com que se entregam a essa luta pode-se deduzir que a questão envolve grandes interesses, pois do contrário não haveria tamanha insistência. Ao ver esta cruzada de todos os cultos contra as manifestações, poderíamos dizer que eles estão atemorizados. [ATENÇÃO a partir daqui] O verdadeiro motivo poderia ser o temor de que os Espíritos, demasiado clarividentes, viessem esclarecer os homens sobre os pontos que eles tentam manter na obscuridade, fazendo os homens conhecerem de maneira precisa o que se refere ao outro mundo e ás verdadeiras condições para nele serem felizes ou infelizes.

    "É por isso que, da mesma maneira que se diz a uma criança: não vá lá porque existe um lobisomem, dizem aos homens: não evoqueis os Espíritos, pois quem atende é o Diabo. Mas não haverá dificuldade: se proibirem aos homens de evocar os Espíritos, não poderão impedir os Espíritos de virem até os homens para tirara lâmpada debaixo do alqueire.

    "O culto religioso que estiver de posse da verdade absoluta nada terá a temer da luz, porque a luz fará ressaltar a verdade e o demônio não poderia prevalecer contra a verdade."

    Para reflexão, lembramos as palavras de Emmanuel: “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evocação é passível de êxito, sua exeqüibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual.” (O Consolador - pergunta 369, p. 207)

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    1. Caros,

      ao ler atentamente o capítulo XI indicado pelo Wilton, fácil se percebe que se trata da argumentação contra a proibição de comunicar com os Espíritos, e não ao ato de evocar. O próprio item 14 já no começo menciona a expressão "contra as relações com os Espíritos".

      Os itens precedentes não deixam dúvida de que o capítulo trata de rebater a proibição da comunicação entre vivos e mortos, senão vejamos:

      1. A Igreja de modo algum nega a realidade das manifestações. Ao contrário, como vimos nas citações precedentes, admite-as totalmente, atribuindo-as à exclusiva intervenção dos demônios. É debalde invocar os Evangelhos como fazem alguns para justificar a sua interdição, visto que os Evangelhos nada dizem a esse respeito. O supremo argumento que prevalece é a proibição de Moisés.(...)

      4. A proibição de Moisés era assaz justa, porque a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição.(...)


      8. Mas temos ainda outra contradição: — Se Moisés proibiu evocar os mortos, é que estes podiam vir, pois do contrário inútil fora a proibição. (...)

      10.(...) Quando a evocação é feita com recolhimento e religiosamente; quando os Espíritos são chamados, não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição e simpatia, com desejo sincero de instrução e progresso, não vemos nada de irreverente em apelar-se para as pessoas mortas, como se fizera com os vivos. Há, contudo, uma outra resposta peremptória a essa objeção, e é que os Espíritos se apresentam espontaneamente, sem constrangimento, muitas vezes mesmo sem que sejam chamados. Eles também dão testemunho da satisfação que experimentam por comunicar -se com os homens, e queixam-se às vezes do esquecimento em que os deixam. Se os Espíritos se perturbassem ou se agastassem com os nossos chamados, certo o diriam e não retornariam; porém, nessas evocações, livres como são, se se manifestam, é porque lhes convém.

      No Livro dos Médiuns temos bem descritas as situações e condições favoráveis à evocação. Boa leitura!

      Abraço,

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    2. Uma dúvida:

      Será que Emmanuel NUNCA foi evocado? André Luiz, Joanna De Angelis, entre outros...? SEMPRE só se manifestaram espontaneamente? Quem sabe perguntamos diretamente a eles? Ah... não dá, aí teríamos que evocar né.

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  8. Prezados,

    Desculpem-me, não fui claro.

    Kardec sempre foi a favor das evocações e Emmanuel é totalmente contrário.

    “Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum." Emmanuel.

    Por que será que Emmanuel é contrario à evocação? Será que "O verdadeiro motivo poderia ser o temor de que os Espíritos, demasiado clarividentes, viessem esclarecer os homens sobre os pontos que eles[ Emmanuel e ou outro membros da falange ] tentam manter na obscuridade, fazendo os homens conhecerem de maneira precisa o que se refere ao outro mundo e ás verdadeiras condições para nele serem felizes ou infelizes."?, ou seja, Emmanuel teria medo de ser DESMASCARADO? de ver suas ideias pessoais obscurantistas caírem por terra?

    Sou espírita!

    Espiritismo é Kardec, Codificação!

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  9. Não acredito que Emmanuel esteja escondendo algo, até porque ele já deve estar reencarnado aqui na Terra. Acredito que, a evocação teve o seu tempo com Kardec. Hoje não precisa mais. Porque o que envolve o médium que participa de uma mediúnica é antes de tudo, os estudos que antecedem a prática mediúnica, que duram algum tempo. Quando se "recebe um espírito", ou melhor quando se entra em psicofonia, ou psicografia, existem antes de tudo, uma preparação através de uma sintonia, pois é preciso que se asserene os corações e a mente, para que haja a comunicabilidade de perispírito a perispírito do médium, mesmo diante de uma incorporação de sessão de desobsessão.

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  10. Querida blogueira deste site, meus parabéns pelo texto. Embora esteja muito atrasado, solicito a sua opinião sobre um ponto deste tema, que como outros, só demonstram que o Espiritismo no Brasil é refém de uma indústria de venda de livros impulsionada por orgulho da FEB e de espíritos pseudo sábios.

    A Questão é a seguinte: Nota-se, de forma bastante clara, que Emmanuel, para dar maior peso ao seu discurso, dá uma informação falsa, uma vez que ele dá a entender ao leitor desavisado que Kardec evocava porque era muito adiantado moralmente e que contava com a ajuda de outros espíritos. O PROBLEMA É QUE TANTO NO SEU CASO COMO EM VÁRIOS QUE EXISTEM NA REVISTA ESPÍRA, NÃO É SOMENTE KARDEC QUE FAZ AS EVOCAÇÕES. Analisando as revistas espíritas observei que em toda a França, e na Europa praticamente inteira, chegando até a Rússia se faziam evocações. PORTANTO, O ARGUMENTO DE QUE SOMENTE KARDEC EVOCAVA É UMA INVERDADE, POIS EM TODOS OS CENTROS ESPÍRITAS DE VÁRIOS PAÍSES EUROPEUS, OS SEUS TRABALHADORES EVOCAVAM.

    ASSIM, PERGUNTO E ADIANTO ALGUMAS CONCLUSÕES QUE CHEGUEI:

    1) SE EMANNUEL É TÃO ADIANTADO COMO ADUZ SER, COMO ELE NÃO SABIA DE QUE AS EVOCAÇÕES NÃO ERAM FEITAS SOMENTE POR KARDEC?, SERÁ QUE EMANNUEL DÁ ORIENTAÇÕES SOB O ESPIRITISMO SEM CONHECER A DOUTRINA? COMO ESTANDO NO MUNDO ESPIRITUAL, SENDO UM ESPÍRITO EVOLUÍDO NÃO TER CONHECIMENTO DESTES FATOS?

    2) SE PARTIRMOS DA IDÉIA DE QUE EMANNUEL SABIA, QUAL A RAZÃO PARA ELE, DELIBERADAMENTE, OMITIR OU TEGIRVERSAR SOBRE A QUESTÃO? NESSE CASO, SUA ATITUDE NÃO SE COADUNA COM A SUA ÚLTIMA REENCARNAÇÃO QUANDO FOI JESUÍTA, OU SEJA, UM INTEGRANTE DA CONTRA REFORMA CATÓLICA QUE JUSTAMENTE NÃO CONCORDAVA COM A POSSIBILIDADE DAS PESSOAS INTERPRETAREM AS ESCRITURAS LIVREMENTE?

    GOSTARIA QUE ME RESPONDESSE, POIS A RESPOSTA NOS LEVARÁ A SÉRIAS CONCLUSÕES

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    1. Caro amigo(a), gostaria de poder responder aos dois questionamentos, mesmo que eles tenham sido encaminhados à autora do artigo.

      1) Quem se arroga demasiadamente importante e indispensável, denota um orgulho de si mesmo, tal paixão não poderia ser atributo de um Espírito realmente superior, cujo intelecto/moral se da provas concretas de sua linguagem precisa, lógica e direta nas comunicações, e importante, NÃO TEMEM AS CRÍTICAS, até mesmos ESTIMULAM A VERIFICAÇÃO CONSTANTE DE TUDO O QUE SE OBTÉM POR VIA MEDIÚNICA.

      2) Quando um Espírito quer persuadir o médium para que não faça questões prévias e evocações constantes com fins específicos para dirimir qualquer tipo de dúvida, é porque tem ciência que isso pode resultar em uma objeção aos próprios conhecimentos transmitidos, e por conseguinte, REVELAR a verdadeira identidade do Espírito; qualquer Espírito que queira EXCLUSIVIDADE do médium, é um forte indício de um processo de obsessão, para que se tenha o médium sobre a sua DEPENDÊNCIA, e isso se chama FASCINAÇÃO.

      3) Esta história que permeia no meio espírita de que é necessário saber QUEM foi o Espírito em sua última encarnação, como se isso fosse uma "chacela" para atestar sua condição intelecto/moral, serve apenas para pessoas (ou centros) que se importam mais com nomes do que com a linguagem dos Espíritos, servindo como mais um meio para ser ludibriado. Vide os casos da Revista Espírita, quando o Kardec questionava os Espíritos sobre a sua encarnação anterior, tinha como objetivo estudar o progresso alcançado e entrever uma possível ligação entre as diferentes encarnações, e não como uma contemplação que tão somente exalta o Espírito e vislumbra cegamente os participantes; grande parte dos caso da RE, diziam ser pessoas desconhecidas, ou que não tiveram sua encarnação na Terra (mas também não diziam o planeta) ou ainda eram pessoas comuns. Bem diferente das "árvores genealógicas" minusciosamente elaboradas e passadas como fatos aos espíritas desatentos.

      E sim, se não houvesse evocação, o Livro dos Espíritos não existiria; Como obter respostas se não há perguntas? Essa ideia de não perguntar e aceitar sem questionar, é um processo de dogmatizar os assuntos, a recomendação de NÃO EVOCAR dita por Emmanuel, só deixa evidente de que sua opinião pessoal se tornou regra e convenceu o médium, que de forma ingênua, aceitou a recomendação e deu acesso ilimitado aos assuntos que estão nas diversas obras do mesmo autor. Por isso não há como reclamar dos que criticam as obras utilizando as obras fundamentais, verificando e refutando incongruências em um ou mais obras, pois se o crivo do médium não encontrou divergências com a DE, a publicação deste material foi o atestado final de que ela (aparentemente) estava isenta de erros, ficando este encargo de VERIFICAR, ANALISAR E QUESTIONAR aos espíritas que estudam essas obras.

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  11. Em verdade, no transcurso dos anos adveio uma mudança no método de intercâmbio com o além. Entre os importantes pontos que avalizam a restrição da prática evocatória atual, consta a desconfiança da indução, do sugestionamento ou do animismo do médium, além do quê, este acabaria quase que na obrigação de “receber espírito tal ou qual”, sobretudo para atender ao dirigente e ao grupo.
    Outros aspectos a considerar são a sujeição e a inibição que, via de regra, escoltam esse tipo de exercício mediúnico (evocação), originários da perspectiva quase sempre mística cultivada em torno do médium. Cremos que a modificação do processo evocatório nas reuniões mediúnicas ocorreu porque não surtiu, após a Codificação, os efeitos almejados. Ou o mais provável, por não se obterem médiuns “desenvolvidos” com qualidades adequadas ou, em última análise, ambas as condições.
    Do exposto, e considerando as graduais etapas da programação espírita na Terra, será que atualmente deveríamos promover (como ocorreu durante a codificação), um diálogo escancarado e direto com os recém-desencarnados, visando obter notícias dos mesmos para seus familiares que aqui ficaram? Quantas pessoas procuram grupos espíritas querendo notícias dos entes que “partiram”? Será que a finalidade da mediunidade é essa?(5) Há pessoas (pasmem!) que “orientam” médiuns através de cursos “avançados”, ensinando algum tipo de “técnica” para “receberem recém-desencarnados”. Tais “mestres de Espiritismo” afirmam com bazófia que alguns jovens e outros “formandos” estarão dentro em breve prestando [através da evocatória mágica] os “serviços” de consolação para os parentes que por aqui ficaram!…(?!?!?) Acredite se quiser!!!!(6)
    Reafirmamos a opinião de Emmanuel – “qualquer comunicação com o invisível deve ser espontânea, e o espírita cristão deve encontrar na sua fé o mais alto recurso de cessação do egoísmo humano ponderando quanto à necessidade de repouso daqueles a quem amou, e esperando a sua palavra direta, quando e como julguem os mentores espirituais conveniente e oportuno”. (7) O bom senso nos impõe a certeza nas lições aqui consignadas pelo Mentor de Chico Xavier. O lembrete não pode ser atribuído à opinião pessoal do Benfeitor, como soi apostilar alguns, até porque não há qualquer contradição doutrinária no seu discurso.
    Um grupo espírita prudente trabalha com a espontaneidade das comunicações e recorre às evocações tão só nas situações extraordinárias. Até porque “no curso do trabalho mediúnico, os esclarecedores não devem constranger os médiuns psicofônicos a receber os desencarnados presentes, repetindo ordens ou sugestões nesse sentido, atentos ao preceito de espontaneidade – fator essencial ao êxito do intercâmbio.”(8)
    Notemos que não temos domínio sobre o mundo dos Espíritos que, para desagrado dos evocadores, têm suas próprias normas de conduta. Quanto aos principiantes na mediunidade, Kardec adverte energicamente “para que não se adote a evocação direta de um Espírito explicando as dificuldades do processo e aconselhando um apelo geral.”. (9)
    ...

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  12. A mistificação em torno das comunicações com os espíritos é muito grande. A única diferença entre eles e nós é apenas o corpo físico. Se a ciência já tivesse desenvolvido um aparelho que substituisse a figura do médium, essa discussão já teria acabado, porque todos iriam querer utilizar esse aparelho como usamos o telefone para nos comunicar.
    Nenhum encarnado pega o telefone e liga para o presidente dos Estados Unidos ou para quem não conhece, ou ainda para quem não tem nenhum relacionamento.
    Os espíritas têm que descobrir esse véu da comunicação. Falta coragem de ser Espírita na acepção da palavra.

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  13. O pensamento já é uma evocação 6. Sabemos que as distâncias nada são para os Espíritos, mas nos admiramos de ver que respondem às vezes tão prontamente ao chamado como se estivessem bem próximos.

    — É que às vezes realmente estão. Se a evocação foi premeditada, o Espírito recebeu o aviso com antecedência e freqüentemente se encontra no lugar antes que o chamem

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