domingo, 27 de novembro de 2011

A FÉ PELAS OBRAS E A CONDUTA ESPIRITISTA

Por Ricardo Malta
 
“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.“
(Tiago 2:17, 18)


O Espiritismo ensina que se reconhece o verdadeiro cristão pelas suas obras (ESE, Cap.18, Item 16). Não adianta adorar e idolatrar a figura de Jesus: É necessário vivenciar a mensagem da qual ele foi portador e exemplificador. O próprio nazareno elucida: “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?“ (Lucas 6:46). Com estas palavras, dirigidas aos hipócritas e adoradores comodistas, ele evidenciou a necessidade de vivenciar o evangelho sem as amarras da idolatria pueril.


A beatice é comum dentro das igrejas cristãs, contudo, notamos a infiltração desta atitude em alguns setores espíritas, indo de encontro aos postulados doutrinários. Há indivíduos que se tornam adeptos do Espiritismo, mas, infelizmente, não conseguem se desassociar totalmente dos conceitos teológicos medievais. Na realidade, a “principal causa da deturpação e desvio das grandes idéias filosóficas e concepções religiosas é que os homens, não se esforçando o suficiente para compreendê-las, passam a adaptá-las ao seu modo de ser e de agir. Não conseguindo mudar a si mesmos, empreendem pelos seus pontos de vista a mudança dos princípios que não conseguiram assimilar.” (Nova História do Espiritismo – Dalmo Duque)


É natural que os Espíritos de escol exerçam sobre nós, seres ainda imperfeitos, um “ascendente moral irresistível” (L.E, Q.274), mas o desejo deles é de nos auxiliar na conquista do nosso progresso intelecto-moral, e não serem levianamente adorados como mitos.


Ao escrever em seu frontispício o lema “Fora da caridade não há salvação”, a doutrina espírita restaura a moral cristã em sua expressão mais pura. Não existem mais dogmas, rituais, cerimônias, sacerdócio, imagens, ou qualquer ação que evidencie a pratica do culto exterior e do formalismo institucional. Verificamos na questão 886 de O Livro dos Espíritos qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como entendia o próprio Jesus: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”


Conforme observamos, o sentido da palavra caridade, empregada pelo Espiritismo, é bastante amplo e não se limita a assistência social, como alguns falsamente interpretam. Os dogmas, que foram se infiltrando nos ensinamentos evangélicos, abafaram essa grande máxima do Cristianismo nascente. Aos poucos os cristãos foram abandonando a essência do evangelho, trocando-o pelo culto exterior que nada exige do homem a não ser a hipocrisia dos fariseus.


Ocorre que, entre os cristãos protestantes e católicos, há um predomínio da teologia paulina da justificação pela fé, que, segundo as palavras de Paulo de Tarso, a “salvação” (salvar-se de que?) viria pela fé e não pelas obras. De acordo com dados históricos, Tiago, o irmão de Jesus, foi o verdadeiro coordenador do Cristianismo nascente, sendo a sua epístola uma verdadeira contestação para com a doutrina da justificação pela fé ensinada pelo apóstolo dos Gentios.


Todavia, defende Hermínio C. Miranda que o apóstolo Paulo “não prega a fé sem obras, como entendem muitos de seus intérpretes até hoje; ele não faz outra coisa senão ensinar que a fé, a nova concepção do relacionamento do homem com Deus, dispensa a ritualista da lei antiga, consubstanciada no velho testamento e na tradição” e que “jamais encontrou apoio no pensamento de Paulo de que a fé passiva e sem obras levar-nos-ia à salvação.” (As marcas do Cristo - Paulo, o apóstolo dos Gentios). Por sua vez, Severino Celestino aduz que “não podemos esquecer é que Paulo não é Jesus. Sua mensagem foi dirigida aos Gentios ou pagãos e ele facilitou muita coisa para conquistar aqueles a que dirigiu sua mensagem, em nome de Jesus.” (O evangelho e o Cristianismo primitivo)

Tal pensamento faz sentido, bastaríamos citar o capítulo 13 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, considerada um verdadeiro hino à caridade. Outras passagens também evidenciam que Paulo não pregava a fé sem as obras: 2 Coríntios 5:10, 2 Timóteo 4:14, 1 Coríntios 3:8, entre outras.


Não sabemos se a intenção de Paulo de Tarso era pregar a salvação gratuita ou se os teólogos interpretaram mal (má-fé?) as suas palavras, entretanto, são nas suas epístolas que a igreja se fundamenta para defender o dogma do salvacionismo gratuito, donde podemos dizer que há mais paulinos do que cristãos dentro das igrejas.


Nas palavras de Jesus o salvacionismo jamais encontrou respaldo. Ele coloca como regra áurea a Lei do amor (Mateus 22: 36-39). A síntese do evangelho está toda contida no Sermão da Montanha, nele encontramos toda pureza de uma verdadeira moral universal, a exortação é sempre em prol da benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e o perdão das ofensas. Para Huberto Rohden “o Sermão da Montanha é a alma do evangelho”. O que também levou Gandhi a dizer: “Se por acaso se perdesse todos os livros sagrados do mundo e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.


Numa de suas belíssimas parábolas, com conteúdo extremamente significativo, “Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc.” (ESE, Cap.15, Item 3)

Renasce a essência da moral [universal] cristã com o advento do Espiritismo. Semelhante ao apóstolo Tiago, também afirma: “assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2, 26) Esta é a verdade que devemos resguardar. Cultivar os atavismos religiosos dentro do movimento espírita é inaceitável.

Não podemos permitir que, em nome de uma tolerância irresponsável, desnaturem a mensagem do Espiritismo, silenciar ante as deturpações é o mesmo que compactuar com o erro. O adepto sincero tem o dever de zelar pela pureza doutrinária e denunciar toda tentativa de institucionalização igrejeira. “Não há mais lugar para comodismos, compadrismos, tolerâncias criminosas no meio espírita. Cada um será responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao seu redor. É essa a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na atualidade: cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar, porque, nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do movimento doutrinário.” (J. Herculano Pires - Curso Dinâmico de Espiritismo.)

O indivíduo que busca vivenciar o evangelho não é (ou não deveria ser) um beato piegas, mas apenas um homem que luta para conquistar sua transformação moral e dominar suas más inclinações (ESE, Cap. 17, Item 4). A moral cristã não visa criar condutas artificiais, convida-nos, conforme afirmou J. Herculano Pires, a “evoluir, não por fora, mas por dentro”


Fonte: O Blog dos Espíritas - http://oblogdosespiritas.blogspot.com/

terça-feira, 22 de novembro de 2011

UMA ANÁLISE ESPÍRITA DO FILME “UM OLHAR DO PARAÍSO”



Por Maria das Graças Cabral
O presente artigo tem por objetivo, lançar um olhar espírita no filme intitulado “Um Olhar do Paraíso”, buscando analisar a narrativa do “Espírito Suzie”, quando fala de suas experiências pós mortem, sob a ótica dos preceitos Espíritas.

O filme objeto da análise é de 2009, tendo por diretor Peter Jackson, baseado num romance de 2002 da autora americana Alice Sebold. Trata da narrativa de Suzie Salmon, uma garota que aos 14 anos, depois de assistir no colégio a obra cinematográfica Othello, protagonizada por Lawrence Olivier, sai da sessão e marca um encontro com o rapaz do 3º ano do segundo grau (Ray), pelo qual possui um amor adolescente. “No shopping, sábado, às 10 da manhã” diz o rapaz. Suzie está voltando prá casa feliz, já imaginando o sábado, quando ganharia de Ray o tão sonhado primeiro beijo.
.

 
Ocorre que no caminho, torna-se vítima de George Harvey, seu vizinho, um tarado psicótico, que a convida a entrar num porão encravado em meio à um terreno ermo, a fim de mostrar-lhe um projeto, ao qual, segundo ele, dedicara toda sua vida.
 
 
 
Suzie o acompanha, é estuprada, esquartejada, e seu Espírito corre desesperadamente do local do assassinato, indo ao encontro de sua família, que a aguardava ansiosamente. Neste momento, o Espírito de Suzie é visto por Ruth Connors, “a garota estranha,” que “via coisas que os outros não viam” (médium).
 
 
Oportuno observar, que em O Livro dos Espíritos, Kardec indaga aos Espíritos Superiores, se na morte violenta (caso de Suzie), quando os órgãos ainda não se debilitaram pela idade ou pelas doenças, a separação da alma e a cessação da vida se verifica, simultaneamente. Os Espíritos respondem que “geralmente é assim; mas, em todos os casos, o instante que os separa é muito curto. Razão pela qual o Espírito da garota passou correndo, e foi visto pela médium. (LE, p. 161) Daí em diante, serão as percepções e falas do Espírito de Suzie objeto de análise do presente trabalho.



Logo depois do assassinato, quando é vista pela médium correndo desesperada na direção de sua casa, o Espírito vai à cidade, vê o pai mostrando sua foto aos transeuntes, numa busca angustiante. Chama-o, ele olha em sua direção, mas não a vê. De repente, todas as pessoas que transitavam na rua desaparecem da visão de Suzie.


 
Em seguida, a garota entra em sua casa, vê os cômodos desertos, e ouve a voz da mãe. Sobe escadas, entra em um cômodo iluminado e se depara com seu assassino num banheiro sujo de lama e sangue, imerso numa banheira cheia d’água, com o rosto coberto por uma toalha. Suzie se assusta e foge apavorada.



No que concerne às mortes violentas, nos ensina Kardec que o “Espírito é surpreendido, espanta-se, não acredita que esteja morto e sustenta teimosamente que não morreu. (...) Procura as pessoas de sua afeição, dirige-se a elas e não entende por que não o ouvem. Esta ilusão mantém-se até o completo desprendimento do Espírito, e somente então ele reconhece seu estado e compreende que não faz mais parte do mundo dos vivos.” (LE., p. 165) (grifei)

Oportuno observar as impressões do Espírito de Suzie quando diz: - “Eu estava deslizando. Foi como me senti. A vida estava me deixando, mas eu não estava com medo. Então me “lembrei” que eu tinha alguma coisa prá fazer. (grifei)



No que tange à lembrança de alguma coisa a fazer, nada mais natural face à forma abrupta como desencarnou, levando a recordação mais recente do encontro marcado no shopping com o garoto dos seus sonhos. Daí, quando lembra de Ray, o Espírito se transporta pelo pensamento ao local combinado onde ele a espera. Não consegue alcançá-lo, nem se fazer vista ou ouvida por ele.



Prossegue Suzie na sua fala: - Aqui não é um lugar. Um lugar sem milharal, nem lembranças, nem túmulo. Mas eu ainda não estava olhando para o Além. Ainda estava olhando para trás. (...) Eu tenho que ir prá casa.” (grifei)
 
Mais uma vez o desejo forte de voltar à sua casa, ao encontro da família que ama. Enquanto isso, seus pais sofriam e se desesperavam. A mãe, fechou o quarto da filha, conservando-o como foi deixado por esta no dia de sua morte. Não suportando tanta saudade, foi trabalhar em outra cidade, deixando marido e filhos com sua mãe (avó de Suzie).



Quanto ao pai, mantinha-se obcecado na busca do assassino da filha. Em um ataque de desespero, começa a quebrar toda a coleção de miniaturas de barcos dentro de garrafas, que fazia como “hobby” e ensinara a Suzie. Enquanto quebrava as garrafas, o Espírito da filha via no seu mundo mental, garrafas gigantes num mar revolto, chocando-se contra rochedos, despedaçando-se, e deixando à deriva os imensos barcos que estavam dentro das mesmas.

 
Nesta percepção da garota morta, observa-se que as afinidades de sentimento e pensamento “ligavam” seu Espírito ao do pai. Como nos dizem os Espíritos Superiores, são os sentimentos e pensamentos afins que nos “conectam” aos seres espirituais e vice-versa.

 

Na busca por contacto com a filha, todas as noites o pai colocava na janela de casa, sobre uma garrafa que continha um barco e um farol, uma vela acesa, como que “sinalizando” para que Suzie não se perdesse de casa. Por seu turno, a garota via no seu mundo espiritual um enorme farol que também sinalizava. Até que ambos se vêm através da janela onde estava a vela, e ela fala: - Agora, vai ficar tudo bem, pois meu pai sabe que estou aqui. Eu ainda estava com ele. Eu não tinha me perdido, ou congelado, nem tinha partido. Eu estava viva. Estava viva no meu próprio mundo. No meu mundo perfeito. (grifei)


 

Oportuno ressaltar a constatação do Espírito de se perceber viva e ligada ao pai. Viva em um mundo perfeito e só seu, entendendo-se claramente que vive no seu mundo mental, fugindo de certas questões pertinentes à sua morte, que a assustavam.

 
Nesse meio tempo, o seu irmãozinho caçula, dizia ao pai que sempre via a irmã morta, que ela o beijava na bochecha, e que permanecia em casa, próxima deles.

 

Passados onze meses do seu desencarne, assim se expressa Suzie: - “Eu estava no horizonte azul, entre o céu e a Terra. Os dias não mudavam, e toda a noite eu tinha o mesmo sonho. O cheiro de terra úmida. O grito que ninguém ouvia. O som do meu coração batendo como um martelo debaixo da roupa, e depois os ouvia chamando. As vozes dos mortos. Eu queria segui-los pra achar uma saída. Mas eu acabava sempre voltando para a mesma porta. E eu estava com medo. Sabia que se eu fosse lá, nunca mais sairia. O meu assassino podia reviver um momento por muito tempo. Ele ficava se alimentando da mesma lembrança. Ele era um animal sem rosto. Infinito. Mas depois ele ia sentir o vazio voltando. E a necessidade surgiria dentro dele de novo. (grifei)
 


Nessa fala do Espírito, pode-se constatar seu estado de perturbação, quando se reporta ao mesmo sonho sonhado “toda noite“, em razão do trauma sofrido pela violência do seu desencarne. Nos dizem os Espíritos da Codificação que o estado de perturbação pode durar minutos, dias, meses, anos, séculos. Tudo vai depender da condição do Espírito encarar a sua realidade de forma equilibrada. Vale pontuar, que o pensamento do assassino também interferia nessa perturbação. Quando este revivia o crime cometido, nele se comprazendo, suas lembranças alcançavam a garota fazendo-a sofrer.

Adiante, Suzie comenta que ia sempre observar Ray (o garoto por quem era apaixonada). Eu ficava no ar ao redor dele. Eu estava nas manhãs frias que ele passava com Ruth Connors, aquela garota estranha e sobrenatural, que aceitou facilmente a presença dos mortos entre os vivos (médium).” (grifei)

Prossegue a jovem morta: - “Às vezes, o Ray pensava em mim. Mas ele começou a questionar se já era hora de por essa lembrança de lado. Talvez fosse a hora de me deixar partir.” Como asseveram os grandes Mestres da Espiritualidade, os Espíritos conhecem nossos pensamentos, em razão das afinidades de sentimentos e/ou de interesses comuns - que era o caso de Suzie em relação a Ray - posto que, este ainda era o seu sonho de amor adolescente, e ele por seu turno também lembrava de Suzie e sentia saudades.
 
Adiante, a garota vem a falar dos seus sentimentos em relação ao seu assassino, se expressando com ódio e revolta: - “Um assassinato muda tudo. Quando era viva nunca odiei ninguém. Mas agora o ódio é tudo o que eu tenho. Eu o quero morto. Eu o quero frio e morto, sem nenhum sangue nas veias!” (grifei)

 


Oportuno transcrever um importante diálogo travado entre Suzie e o Espírito de outra jovem vítima do mesmo psicopata, o qual transcrevo:

Suzie - Eu fui uma idiota. 
Amiga - Ele (assassino) não pode dominá-la. Você pode se livrar dele mas não desse jeito.
Suzie - O que você sabe? Não sabe de nada. Aquele homem tirou a minha vida!
Amiga - Você vai ver Suzie. No final você vai entender. Todo mundo morre.

 

À esse respeito a Doutrina Espírita nos ensina que o ódio escraviza a vítima ao seu algoz. Observe-se que no diálogo de Suzie com o outro Espírito - este já liberto do ódio contra o mesmo agressor - as suas colocações são muito comuns nas reuniões mediúnicas de desobsessão, quando o Espírito que se acha vítima e injustiçado, não consegue encontrar o seu “paraíso interior”!
 
 
Importante pontuar que o ódio do Espírito pelo seu algoz, influía diretamente nos sentimentos de seu pai - por achar-se ligada a este - e que embora sendo um homem pacífico, vivia obcecado numa busca incessante para encontrar o assassino da filha.

 
 
Suzie tornou-se então “obsessora” do pai. Como nos esclarecem os Espíritos Superiores, os encarnados sofrem obsessões, ou se tornam obsessores dos desencarnados, em razão das afinidades de sentimentos, gostos, e pensamentos que os vinculam uns aos outros. No caso em comento, a ligação se dava pelo sentimento em comum de revolta e ódio que nutriam pelo assassino da jovem.
 
 
O processo obsessivo do pai de Suzie, foi tão intenso, que o levou a armar-se de um taco de basebol, e sair à caça do assassino da filha para matá-lo. Na perseguição ao criminoso, este se esconde num milharal. Nesse momento, o Espírito da jovem acompanhava toda a perseguição em estado de profunda angústia, temendo pela sorte do pai - enquanto este, na busca desesperada, se depara com um casal de namorados. O rapaz ao vê-lo com o taco na mão, entende que era para agredi-los. Se antecipa, e o espanca violentamente, quase levando o pobre homem à morte.
 
 
Nesse momento, o Espírito de Suzie se desespera ao ver o pai quase morto, e toma consciência de sua forte influência sobre o comportamento do mesmo. É aí que o cenário à sua volta se desmorona, e ela cai em si dizendo: - Aí eu percebi que meu pai nunca ia desistir de mim. À esse respeito a Doutrina Espírita nos assevera que os laços de afeto são indestrutíveis.





E prossegue a jovem em sua fala: - Ele nunca me veria como uma morta. Eu era a filha dele, e ele era meu pai, e ele tinha me amado o máximo que podia. Eu tinha que deixá-lo ir! Nos dizem os Espíritos Superiores, que os laços de amor são indestrutíveis, eternos e libertadores. Daí, a garota libertou o pai da obsessão que o impingia de forma inconsciente.
 
 
À partir daí, começa o processo de libertação do Espírito de Suzie, quando passa a encarar a sua realidade, tomando ciência de todas as mortes causadas por George Harvey à outras jovens, com as quais se encontrou no plano espiritual por afinidade. Mas também encarou frente a frente a realidade de sua própria morte, quando reviu todo o processo do assassinato, seu corpo esquartejado e escondido num cofre (que ela tanto temia em ver aberto) sendo jogado pelo seu assassino num enorme buraco de um aterro.
 
 
Através da mediunidade de Ruth se despediu de seu amor, recebendo o sonhado primeiro beijo. Adiante, se reporta aos restos angelicais que tinham nascido na sua ausência que foram: - a irmã mais jovem que havia casado e esperava um bebê; a mãe que retornou ao aconchego da família, já equilibrada; Ray que ficou com Ruth a garota médium; e o assassino que morreu, caindo de um penhasco em uma noite gelada de muita neve.
 
 
No que concerne a tais fatos, assim se expressa Suzie: - As conexões às vezes tênues, às vezes criadas com muito custo, mas que com freqüência magníficas, que aconteceram depois que morri. Comecei a ver as coisas de um jeito que me permitia conceber o mundo sem mim.

- Quando minha mãe entrou no meu quarto (que até então permanecia fechado),  percebi que esse tempo todo eu estava esperando por ela. Eu esperei muito. Estava com medo que ela não viesse...

E finaliza dizendo: - Ninguém percebe quando a gente vai embora. Quero dizer, o momento quando realmente decidimos partir. No máximo, podem sentir um sussurro ou a onda de um sussurro indo para baixo. Meu sobrenome é Salmon, salmão, igual ao do peixe. Meu primeiro nome é Suzie. Tinha 14 anos quando fui assassinada, em 6 de dezembro de 1973. Estive aqui por um momento e depois parti. Desejo a vocês uma vida longa e feliz. (grifei)




Diante do exposto, pode-se constatar que estamos diante de uma obra que se ajusta perfeitamente aos preceitos espíritas, quando retrata o desencarne de uma jovem, vítima da violência, narrando sua perturbação pós mortem, as ligações com a vida material, com os entes queridos, os conflitos existenciais, sua revolta, ódio, medos, e amores.


 

Importante que a narrativa do Espírito não viaja para o fantástico, ficando nos limites da racionalidade, das percepções mentais próprias do desencarnado, pois como nos dizem os Mestres da Espiritualidade, o Espírito se transporta pelo pensamento, e o seu estado de felicidade ou infelicidade encontra-se no seu mundo íntimo - não havendo um lugar determinado para vivenciar seu estado de inferno ou paraíso.
 
 
Oportuno ressaltar, que a autora do romance e o diretor do filme, não são espíritas, não obstante Kardec nos esclareça que “se lançarmos um olhar sobre as diversas categorias de crentes, encontraremos primeiro os espíritas sem o saber. São uma variedade ou subdivisão da classe dos vacilantes. Sem jamais terem ouvido falar da Doutrina Espírita, têm o sentimento inato dos seus grandes princípios e esse sentimento se reflete em algumas passagens de seus escritos ou de seus discursos, de tal maneira que, ouvindo-os, acredita-se que são verdadeiros iniciados. Encontram-se numerosos desses exemplos entre os escritores sacros e profanos, entre os poetas, oradores, os moralistas, os filósofos antigos e modernos.” (LM, Cap. III, 27)
 
 
Em contrapartida, podemos observar que nos deparamos freqüentemente com obras tratando do mesmo tema, que se dizem espíritas, e estão em total desacordo com os Princípios Doutrinários Espíritas. Tal fato, deve nos servir de estímulo ao estudo efetivo das Obras Básicas, para que possamos tranquilamente separar o joio do trigo.






















.






















sábado, 19 de novembro de 2011

DOS INCRÉDULOS AOS ESPÍRITAS EXALTADOS

Por Maria das Graças Cabral

Esse texto é baseado no Capítulo III, de O Livro dos Médiuns, que trata do Método para se instruir alguém à respeito do Espiritismo. Kardec constata que muito comumente, os novos Espíritas envidam grandes esforços tentando trazer novos adeptos à Doutrina Espírita. Daí, o Codificador orienta quais seriam as pessoas que estariam mais aptas a apreender os preceitos Espíritas.

No entendimento de Kardec, o Espiritismo é toda uma Ciência e toda uma Filosofia, que exige daqueles que desejem conhecê-lo seriamente, como primeira condição, segundo suas próprias palavras: (...) “submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincado.” Acrescenta ainda que: como “o Espiritismo, (...) se relaciona com todos os problemas da Humanidade, por conseguinte, “seu campo é imenso e devemos encará-lo sobretudo quanto às suas conseqüências. A crença nos Espíritos constitui sem dúvida a sua base, mas não basta para fazer um espírita esclarecido, como a crença em Deus não basta para fazer um teólogo.” (LM., Cap. III, 18) (grifei)

Nesse caso, para o Mestre, não serão os “fatos” que levarão alguém a aceitar e compreender os preceitos Espíritas, posto que, muito comumente, pessoas vêem, e/ou ouvem Espíritos, e colocam na conta das ilusões, perturbações ou impressões equivocadas. Outros, chegam a presenciar materializações ou qualquer outro fenômeno de efeitos físicos, (pancadas, deslocamento de objetos, portas que se trancam e destrancam, colchões que incendeiam, pedradas, instrumentos que tocam sozinhos, etc., etc.) e mais uma vez, alegam terem sido vítimas de falsas impressões ou mera ilusão.

Assevera o Codificador que “no Espiritismo, a questão dos Espíritos está em segundo lugar, não constituindo o seu ponto de partida. (LM., Cap. III, 19) (grifei) Para Kardec, só valeria a pena ensinar os preceitos Espíritas, às pessoas que pelo menos, acreditassem na existência da alma e na sua sobrevivência após a morte, estando dispostos e abertos ao aprendizado, posto que, no seu entendimento, seria perda de tempo tentar convencer um materialista sistemático a conceber a existência de algo que vai além da matéria, ou que sobrevive a ela. (LM., Cap. III, 19)

Oportuno ressaltar a objetividade do Codificador quando descartava categoricamente, os incrédulos orgulhosos que o procuravam para “serem convencidos“ caso assistissem às reuniões mediúnicas realizadas na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (exemplo do “crítico” retratado na obra “O que é o Espiritismo“).

À esse respeito em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nos dizem os Mestres Espirituais que “certos incrédulos se admiram de que os Espíritos se esforcem tão pouco para os convencer. É que eles se ocupam dos que buscam a luz com boa-fé e humildade, de preferência aos que julgam possuir toda luz e parecem pensar que Deus deveria ficar muito feliz de os conduzir a Ele, provando-lhes sua existência.” (ESE, Cap. VII, 9)

No que tange aos materialistas, Kardec classifica-os como materialistas “por indiferença”, ou por “falta de coisa melhor”. Outros seriam considerados “incrédulos de má vontade”, por entenderem que crer na imortalidade da alma, de alguma forma perturbaria o gozo dos prazeres materiais. Já os “incrédulos interesseiros ou de má-fé” identificam claramente o que há de válido no Espiritismo, mas o condenam por motivos de interesse pessoal.

Acrescenta ainda, os considerados incrédulos por covardia; escrúpulo religioso; orgulho; espírito de contradição; negligência; leviandade, por decepção, e a numerosa classe dos vacilantes.

Isto posto, passa à análise das diversas categorias de crentes, avaliando em primeiro lugar “os espíritas sem saber”, que seriam aqueles que sem jamais terem ouvido falar em Doutrina Espírita já trazem de forma inata seus princípios que se refletem em escritos, filmes, discursos, etc...

Dentre os que se convenceram dos preceitos Espíritas através do estudo, Kardec com muita propriedade e atualidade os classifica como:

1º) Os que acreditam unicamente nas manifestações dos Espíritos. Para esses o Espiritismo se restringe ao fenômeno mediúnico, detendo-se apenas no aspecto de observação - chamados de ’espíritas experimentadores’ , ou seja, só se interessam pelas reuniões mediúnicas.

2º) Os que se dedicam exclusivamente ao estudo do aspecto filosófico do Espiritismo, admitindo a moralidade que dele decorre, mas sem a aplicabilidade da moralidade cristã em sua vida, posto que não mudam seus hábitos nem seus prazeres, pois a caridade cristã” não passa de uma bela máxima - são os espíritas imperfeitos, ou seja, meros estudiosos da Doutrina.

3º) Já os verdadeiros espíritas praticam a moral espírita e aceitam suas conseqüências. Cientes da transitoriedade da existência corpórea, tratam de aproveitar os seus “breves instantes” esforçando-se para fazer o bem e reprimir as más tendências objetivando o seu progresso espiritual e elevação no Mundo dos Espíritos.

4º) Por fim, Kardec apresenta em sua classificação os “espíritas exaltados”, que são aqueles de confiança cega e pueril nas manifestações do mundo invisível - aceitam muito facilmente e sem controle aquilo que a reflexão e o exame demonstrariam ser absurdo ou impossível, pois o entusiasmo não esclarece, ofusca. (LM., Cap. III, 28) (grifei)

No que concerne a tais espíritas, Kardec assevera que “se apenas eles tivessem de sofrer as conseqüências o mal seria menor, mas o pior é que oferecem, sem querer, motivos aos incrédulos que mais procuram zombar do que se convencer e não deixam de imputar a todos o ridículo de alguns. Isso não é justo nem racional, sem dúvida, mas os adversários do Espiritismo, como se sabe, só reconhecem como boa a sua razão e pouco se importam de conhecer o fundo do que falam.” (LM., Cap. III, 28) (grifei)


Oportuno observar, que hodiernamente nos deparamos mais do que nunca com os espíritas classificados por Kardec como “exaltados”. A prova contundente está na credibilidade e divulgação das mais estapafúrdias “revelações”, dadas por Espíritos mistificadores, e que os crédulos divulgam e defendem como verdades, levando a Doutrina Espírita ao descrédito e ao ridículo como bem asseverava o Codificador.

Daí, graças aos espíritas exaltados, que se deixam levar por nomes pomposos de Espíritos, ou de respeitáveis médiuns, que preceitos alienígenas são divulgados como preceitos Espíritas, criando conflitos doutrinários, e por conseguinte desvirtuando a Doutrina Espírita.

Para finalizar o trabalho, me reporto a Kardec quando afirmava com toda a convicção que: “Esta espécie de adeptos é mais nociva do que útil à causa do Espiritismo”. (LM., Cap. III, 28)















quinta-feira, 17 de novembro de 2011

OS ELEMENTAIS E O ESPIRITISMO, O QUE DIZER?

Por: Sésio Santiago Freire Filho


O termo elementares assim como a palavra elementais, tem sido usado de forma um tanto quanto confusa por vários escritores espiritualistas. Esses em seus livros tentam descrever os mais variados tipos de entidades espirituais e formas de energias que atuariam no mundo espiritual.


No tocante a Doutrina Espírita a situação não é tão diferente.  Muitas obras psicografadas fazem alusão como sendo Elementares ou Elementais a determinados tipos de Espíritos rudimentares da natureza, e que esses habitariam uma dimensão de vida muito próxima a que vivemos fisicamente.
 
 
Primeiramente é importante frisar que no meio esotérico, principalmente nos ambientes de estudos de organizações sérias como a Sociedade Teosófica ou mesmo em algumas ordens Rosacrucianas, tais como a Fraternidade Rosacruciana Ocidental Cristã de Max Heindel ou mesmo a Antiga Fraternidade Rosacruciana de Krumm Heller; existe uma diferença marcante entre os termos Elementares ou Elementais e os tão referenciados espíritos da natureza.


Para essas escolas espiritualistas, a palavra elementais ou elementares seriam sinônimas e corresponderiam em certos aspectos de sua existência como sendo uma energia Divina, ou seja, uma espécie de força viva presente na natureza que atuaria de forma imanente a determinados planos de existência.


De acordo com os ensinamentos Teosóficos repassados por eminentes ícones do espiritualismo moderno, tais como Madame Blavatisky, Sra. Anne Besant e o Sr. Charles W.Leadbeater; ensinamentos esses que foram organizados de forma magistral pelo grande Teosofo Major Arthur Powell; essa energia divina já haveria percorrido e animado algumas fases anteriores de evolução onde a Mônada, ou seja, o principio espiritual se envolveria: A primeira fase seria conhecida como primeiro reino elemental (no plano mental superior), a segunda fase seria conhecida como o segundo reino elemental (no plano mental inferior), a terceira fase como o terceiro reino elemental (no plano astral) e as demais fases a essência elementar seria imanente as variadas formas de energias e forças que constituiriam o reinos mineral, vegetal e animal.
 
 
Na Idade Média, grandes alquimistas tais como Paracelsos e Nicolas Flamel, já afirmavam que por traz de qualquer elemento químico, existiria a atuação de uma essência elementar.



Outro conceito bem definido de forma consensual por diversas escolas esotéricas é sobre a existência dos chamados Espíritos da Natureza.
 
 
De acordo com os ensinamentos dessas escolas, esses seres pertencem a uma classe tão grande e variada que até hoje os ensinamentos transmitidos por mestres e instrutores de sabedoria só retratam uma parcela dos mesmos.



 
Segundo os ensinamentos esotéricos sérios, esses tipos de espíritos pertenceriam a um ciclo de evolução diferente do que estamos inseridos, por isso eles jamais seriam seres humanos junto conosco nesse plano físico de existência. Sua única conexão com humanidade se daria pelo fato dos mesmos encontrarem-se transitoriamente no planeta terra em uma dimensão de vida, conhecida por região etérica, que estaria muito próxima à realidade física. Conforme os ensinamentos dessas instituições esotéricas, estes espíritos rudimentares que habitam a natureza, estariam divididos em sete grandes classes e habitariam espiritualmente o limiar entre a dimensão astral e a dimensão física, região essa que estaria impregnada por uma variedade de essência elemental. Dessa maneira, de acordo com os ensinamentos ministrados em tais escolas espiritualistas, esses espíritos rudimentares, seriam entidades espirituais portadoras de uma inteligência rudimentar, que espiritualmente atuariam no meio ambiente do plano físico.
 
 
Infelizmente esses espíritos da natureza por sua vez na literatura vulgar espiritualista são bastante confundidos com as essenciais elementares ou elementais.
 
 
Atualmente estamos observando de maneira bastante infeliz a intensa produção de obras sensacionalistas que se dizem espíritas. Essas por sua vez na grande maioria das vezes, são produzidas por espíritos errantes que aparentemente se encontram bastante desinformados quanto a determinados conceitos que há séculos são estudados dentro de escolas espiritualistas serias. Infelizmente, esses espíritos desencarnados para produzir seus contos fantasiosos utilizam-se geralmente de médiuns profundamente ignorantes tanto do ponto de vista doutrinário como no ponto de vista do conhecimento esotérico.
 
 
Nas obras Espíritas codificadas por Allan Kardec não existe referencia ao termo essências "Elementares" ou “Elementais; entretanto podemos encontrar informações transmitidas pelos Espíritos com relação à existência de uma energia primordial que é denominada de fluido universal, fluido esse que conceitualmente se aproxima muito das definições atribuídas às chamadas essências elementares ou elementais.



Além dessa alusão, encontraremos na Codificação, referência a determinados Espíritos bastante elementares; esses espíritos por sua vez seriam simples e muitíssimo rudimentar, e encontrar-se-iam na escala evolutiva, em etapa anterior ao reino hominal. Esses espíritos são, por assim dizer, dirigidos por outros espíritos que já adquiriram, através de diversas encarnações, experiência suficiente para colaborar com a natureza.
 
 
Com relação aos Espíritos que agem na Natureza, podemos afirmar com base nas seguintes citações que com certeza os espíritos superiores legaram a Kardec grandes informações que até hoje ainda permanecem desconhecidas pela grande maioria de Espiritistas.
 
 
Podemos citar, por exemplo: Na Revista Espírita de 1859, o Espírito Erasto, ao responder algumas perguntas de Kardec sobre o tema, explica que há Espíritos encarregados por Deus de lidar com as forças da Natureza. Em edição da mesma revista do mês de março do ano de 1860, consta uma mensagem psicografa pela Sra. Boyer, de autoria de "Hettani", que se identifica como sendo "um dos Espíritos que presidem a formação das flores". Hettani diz que são milhares os espíritos de sua categoria e que eles também estão sujeitos a Lei de Evolução.
 
 
Após a publicação dessa mensagem, Kardec um tanto quando desconfiado, resolve fazer as seguintes perguntas ao Espírito de São Luis: - Este Espírito é chamado Hettano; como ocorre que ele não tenha um nome e que jamais encarnou? R. É uma ficção. O Espírito não preside, de um modo particular, à formação das flores; o Espírito elementar, antes de passar para a série animal, dirige a ação fluídica na criação do vegetal; este não está ainda encarnado; mas não age senão sob a direção de inteligências mais elevadas, tendo já vivido bastante para adquirir a ciência necessária à sua missão. Foi um destes que se comunicou; ele vos fez uma mistura poética da ação das duas classes de Espíritos que agem na criação vegetal.



3. Este Espírito não tendo vivido ainda, mesmo na vida animal, como ocorre que seja tão poético?
R. Relede.
4. Assim o Espírito que se comunicou não é o que habita e anima a flor?
R. Não, não; eu vos disse bem claramente: ele guia.
5. Este Espírito que nos falou foi encarnado? R. Foi.
6. O Espírito que dá a vida às plantas e às flores, tem um pensamento, a inteligência de seu eu?
R. Nenhum pensamento, nenhum instinto.
 
 
 
Fazendo-se uma analise do dialogo entre Kardec e o Espírito de São Luis, notamos que na terceira pergunta o Codificador não havia entendido muito bem a elucidação feita pelo Espírito. Entretanto com a decorrer do diálogo o entendimento fora se tornando mais claro.



Com base nessa conversa, entende-se que o Espírito que se comunicou como o gênio das flores na realidade já havia encarnado antes e, na realidade, dirigia espíritos bastante elementares (elementares, de simples, primário, rudimentar - e não no sentido esotérico de essência "elementais”). Esses espíritos bastante rudimentares equivaleriam o que na Codificação Espírita são referenciados por espíritos da natureza, e que na Escala Espírita contida no Livro dos Espíritos, é denominado por Espíritos zombeteiros.
 
 
A Doutrina Espírita, portanto, prima pela simplicidade. Mas infelizmente nós aprendizes repetentes da escola da vida, não desistimos de complicar e de entrar pela porta ampla da ficção ou do Esquisoterismo.

sábado, 12 de novembro de 2011

A FASCINAÇÃO SEGUNDO O ESPIRITISMO

Por Maria das Graças Cabral




Para fazer uma abordagem sobre o tema “Fascinação” segundo os preceitos Espíritas, precisa-se primeiramente considerar que os Espíritos influem sobre os nossos pensamentos e ações, pois segundo preceituam os Espíritos Superiores “a influência é maior do que supomos, porque muito freqüentemente são eles que nos dirigem“. (questão 459, LE) Inferindo-se que é pela afinidade de pensamentos que se dá a influência efetiva dos Espíritos na vida dos encarnados, pois os mesmos são portadores dos mesmos vícios e virtudes que tinham quando portavam a veste carnal.


Isto posto, no que concerne à comunicabilidade entre estes e aqueles, me aproprio dos ensinamentos do Codificador, quando estabelece que: “Toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade é médium. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. (...) Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade mediúnica bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.” (LM., Cap. XIV, 159)


Ao tratar da mediunidade, é fato que a Doutrina Espírita lança um olhar diferenciado e de elevada importância sobre a mesma, por entendê-la como instrumento de educação, esclarecimento, auxílio e progresso, para os Espíritos encarnados e desencarnados.


Daí, exigir-se dos médiuns Espíritas, o estudo profundo e efetivo de O Livro dos Médiuns, em razão das orientações, métodos e esclarecimentos trazidos pela voz dos Espíritos Superiores, sob a égide de O Espírito da Verdade.


Entende-se portanto temerário, que o médium espírita descarte o estudo de O Livro dos Médiuns para dedicar-se à obras alienígenas, muito comumente portadoras de informações equivocadas à respeito da mediunidade, por serem oriundas de outras filosofias religiosas que vêm o trabalho mediúnico com objetivo diverso daquele preconizado pela Doutrina Espírita.


No que concerne aos percalços da prática mediúnica, um dos maiores escolhos para aqueles que vivenciam a mediunidade é a obsessão. Segundo O Livro dos Médiuns “a palavra obsessão é um termo genérico pelo qual se designa um conjunto desses fenômenos, cujas principais variedades são a obsessão simples, a fascinação e a subjugação.” (LM., Cap. XXIII, 238)


Na realidade, como preceitua a obra em comento, o processo obsessivo simples pode se dar sempre que houver a interferência de um Espírito voltado ao mal a se intrometer contra a vontade do médium nas comunicações recebidas. Podendo inclusive, o médium ser enganado sem estar obsedado, pois o que caracteriza a obsessão simples é a tenacidade do Espírito do qual não se consegue desembaraçar.


Já a fascinação, objeto deste estudo, segundo O Livro dos Médiuns, tem conseqüências mais graves por se tratar de uma ilusão criada diretamente pelo Espírito no pensamento do médium, chegando a “paralisar” a sua capacidade de discernir e julgar as comunicações.


Importante observar que o médium fascinado não se considera enganado, pois o Espírito consegue inspirar-lhe uma confiança cega, impedindo-lhe de ver e compreender que a mensagem muitas vezes se contrapõe aos ensinamentos da Codificação, que é o paradigma para a avaliação de qualquer mensagem mediúnica.


Muito comumente os mistificadores fascinam os médiuns, utilizando-se de vocabulário prolixo, para trazerem falsas “revelações”, acobertadas pelo manto de mensagens evangélicas, assinadas por nomes respeitáveis, objetivando não levantar suspeitas quanto à sua moralidade e elevação.


Asseveram os Espíritos Superiores que na fascinação “para chegar a tais fins o Espírito deve ser esperto, ardiloso e profundamente hipócrita. Porque ele só pode enganar e se impor usando máscara e uma falsa aparência de virtude. As grandes palavras de caridade, humildade e amor a Deus servem-lhe de carta de fiança.” (LM., Cap. XXIII, 239)


À título de exemplo transcrevo a seguinte mensagem publicada por Kardec, em O Livro dos Médiuns, objetivando apreciar a avaliação do Codificador:

“A criação perpétua e incessante dos mundos é para Deus como uma espécie de gozo perpétuo, porque ele vê continuamente seus raios se tornarem cada dia mais luminosos em felicidade. Eis porque centenas ou milhões não são mais nem menos para ele. É um pai, cuja felicidade se forma da felicidade coletiva de seus filhos. A cada segundo da criação ele vê uma nova felicidade vir se fundir na felicidade geral. Não há parada nem suspensão (?) nesse movimento perpétuo, nessa grande felicidade incessante que fecunda a terra e o céu. Não conhecemos no mundo mais do que uma pequena fração, e tendes irmãos que vivem em latitudes que o homem ainda não conseguiu atingir. Que significam esses calores terríveis e esses frios mortais que paralisam os esforços dos mais audaciosos? Acreditais simplesmente haver chegado aos limites do vosso mundo, quando não mais podeis avançar com os vossos precários recursos? Podeis então medir com precisão o vosso planeta? Não acrediteis nisso. Há no vosso planeta mais regiões desconhecidas do que conhecidas. Mas como é inútil propagar ainda mais as vossas más instituições, todas as vossas leis imperfeitas, ações e modos de vida, há um limite que vos detém aqui ou ali e que vos deterá até que possais transportar as boas sementes que o vosso livre-arbítrio produzir. Oh, não, vós não conheceis o mundo que chamais Terra. Vereis na vossa existência um grande começo de provas desta comunicação. Eis que a hora vai soar, em que haverá uma outra descoberta além da última que foi feita; vereis que vai se alargar o círculo da vossa Terra conhecida, e quando toda a imprensa cantar essa Hosana em todas as línguas, vós pobres crianças que amais a Deus e procurais o seu caminho, o sabereis antes mesmo que aqueles que darão o seu nome á nova terra.” VICENTE DE PAULO. (LM., Comunicações Apócrifas, XXIX) (grifei)

Oportuno que aprendamos com o comportamento de Kardec, quando com muita propriedade se posiciona afirmando que a mensagem apresenta incorreções, pleonasmos e vícios de linguagem, (até porque Kardec era um grande gramático) embora argumente que tais imperfeições poderiam advir da insuficiência do médium.


Entretanto, no que concerne às “revelações” à respeito do planeta, assevera Kardec que “isso é para um Espírito que se diz superior, dar prova de profunda ignorância, posto que não há dúvida que se podem descobrir regiões desconhecidas além das regiões geladas, mas dizer que Deus as ocultou aos homens a fim de que eles não levassem as suas más instituições, é ter demasiada confiança na cegueira daqueles que recebem semelhantes absurdos.” (LM., Comunicações Apócrifas, XXIX)


Observa-se que o Codificador não se deixava impressionar por nomes famosos nem por palavras rebuscadas, pois buscava o “cerne” da mensagem, e aí identificava a fraude, e prontamente a rechaçava.


Voltando á questão do médium objeto da fascinação, nos dizem os Espíritos Superiores que “graças à essa ilusão o Espirito dirige a sua vítima como se faz a um cego, podendo levá-lo a aceitar as doutrinas mais absurdas e as teorias mais falsas, como sendo as únicas expressões da verdade“. (LM., cap. XXIII, 239) (grifei)


No que concerne às doutrinas absurdas e teorias falsas, faz-se por oportuno analisarmos a seguinte mensagem mediúnica, obedecendo o critério kardeciano, e tendo como paradigma as Obras da Codificação, por trazerem os ensinamentos dos grandes Mestres da Espiritualidade. A mensagem narra a chegada de Espíritos oriundos de um lugar denominado “umbral” (criação do Espírito comunicante) à “colônia espiritual” (também criação do Espírito comunicante), senão vejamos:

“(...) Identifiquei a caravana que avançava em nossa direção, sob a claridade branda do céu. De repente, ouvi o ladrar de cães, a grande distância. - Que é isso? - interroguei assombrado. - Os cães - disse Narcisa - são auxiliares preciosos nas regiões obscuras do Umbral, onde não estacionam somente os homens desencarnados mas também verdadeiros monstros, que não cabe agora descrever. (...) Fixei atentamente o grupo estranho que se aproximava devagarzinho. Seis grandes carros, formato diligência, precedidos de matilhas de cães alegres e barulhentos, eram tirados por animais que, mesmo de longe, me pareceram iguais aos muares terrestres. Mas a nota mais interessante era os grandes bandos de aves, de corpo volumoso, que voavam a curta distância, acima dos carros, produzindo ruídos singulares. (...)” ANDRÉ LUIZ (Nosso Lar, 2003 p. 217) (grifei)


Para a devida análise buscar-se-á confrontá-la com os ensinamentos propostos em O Livros dos Espíritos, Capítulo XI, item II, quando asseveram os Mestres Espirituais nas questões de número 598 e 600 que: I - A alma dos animais conserva sua individualidade depois da morte, mas não a consciência de si mesma. A vida inteligente permanece em estado latente; II - A alma do animal sobrevivendo ao corpo fica numa espécie de erraticidade, pois não está unida a um corpo. Mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é um ser que pensa e age por sua livre vontade; o dos animais não tem a mesma faculdade. É a consciência de si mesmo que constitui o atributo principal do Espírito. O Espírito do animal é classificado, após a morte, pelos Espíritos incumbidos disso e utilizados quase que imediatamente; não dispõe de tempo para se pôr em relação com outras criaturas. (grifei)


Reforçando o entendimento proposto pelos Espíritos Superiores em O Livro dos Espíritos, buscar-se-á subsídios em O Livro dos Médiuns,  Cap. XXV, item 283, subitem 36, quando trata da questão da "Evocação dos Animais", e Kardec indaga da possibilidade de evocar-se o Espírito de um animal, a resposta dada é a seguinte: - “O princípio inteligente que animava o animal fica em estado latente após a morte. Os Espíritos encarregados desse trabalho imediatamente o utilizam para animar outros seres, através dos quais continuará o processo de sua elaboração. Assim, no mundo dos Espíritos, não há Espíritos errantes de animais, mas somente Espíritos humanos“. (grifei)





Portanto, a narrativa do Espírito autor da mensagem em comento, é falsa e seria obviamente rechaçada por Kardec por desvirtuar preceitos Espíritas, gerando por conseguinte conflitos no entendimento da Doutrina.


Aliás, ao tratar do exame feito às milhares de comunicações mediúnicas que lhe eram enviadas com pedidos de publicação na Revista Espírita, comenta o Codificador que “em grande número encontramo-las notoriamente más, no fundo e na forma, evidente produto de Espíritos ignorantes, obsessores ou mistificadores e que juram pelos nomes mais ou menos pomposos com que se revestem. Publicá-las teria sido dar armas à crítica. (...) Só a fascinação poderia levá-los a ser tomados a sério e impedir se visse o lado ridículo. (...)” (RE, maio de 1863, p. 217) (grifei)





No que concerne à publicação de mensagens de Espíritos, Allan Kardec assevera que (...) Quanto mais alto o nome, maior o cuidado. Ora, é mais fácil tomar um nome que justificá-lo; eis por que, ao lado de alguns bons pensamentos, encontram-se muitas vezes, idéias excêntricas e traços inequívocos da mais profunda ignorância. É nessas modalidades de trabalhos mediúnicos que temos notado mais sinais de obsessão, dos quais um dos mais freqüentes é a injunção do Espírito de os mandar imprimir; e alguns pensam erradamente que tal recomendação é suficiente para encontrar um editor atencioso que se encarregue da tarefa. (...) Toda precaução é pouca para evitar as publicações lamentáveis. Em tais casos, mais vale pecar por excesso de prudência, no interesse da causa.” (RE, maio de 1863, p. 220) (grifei)


Não obstante, transcrevo as palavras de J. Herculano Pires, em Nota do Tradutor, de O Livro dos Médiuns, quando nos alerta dizendo que “a fascinação é mais comum do que se pensa. No meio espírita ela se manifesta de maneira ardilosa através de uma avalanche de livros comprometedores, tanto psicografados como sugeridos a escritores vaidosos, ou por envolvimento de pregadores e dirigentes de instituições que se consideram devidamente assistidos para criticarem a Doutrina e reformularem seus princípios”. (LM. Cap. XXIII, p. 217)


Para finalizar o estudo, oportuno ressaltar os ensinamentos dos Espíritos Superiores quando nos alertam para o fato de não existir médium perfeito, por não haver perfeição sobre a Terra. Asseveram os Mestres, que até mesmo os bons médiuns, que são raros, jamais seriam tão perfeitos, para estarem imunes às mistificações por terem todos um lado fraco, pelo qual podem ser atacados. (LM., Cap. XX, 9)


Portanto, estejamos atentos ao analisarmos as mensagens provindas do plano espiritual catalogadas como ‘espíritas“. Precisamos nos ater ao estudo da Codificação Espírita para que identificando as fraudes possamos rechaçá-las.






.





























































































































































































































sábado, 5 de novembro de 2011

A INDIGNAÇÃO DOS ESPÍRITAS

Por Maria das Graças Cabral

Em face do artigo intitulado “Considerações acerca da Veracidade e da Historicidade da assim denominada Carta de Públio Lêntulo”, tendo como autor o pesquisador Sr. José Carlos Ferreira Fernandes, publicado no Blog intitulado “Obras Psicografadas”, desenvolvo o presente trabalho intitulado “A Indignação dos Espíritas“.


Importante esclarecer aos leitores que o autor do artigo em comento, desenvolve um trabalho de pesquisa de cunho histórico, tendo como objeto de estudo os dados apresentados no livro “Há Dois Mil Anos”, de autoria do Espírito Emmanuel, e psicografado pelo médium Chico Xavier.


Segundo as palavras apostas na apresentação do referido trabalho, é dito tratar-se de pesquisa que “procura demonstrar de forma fortemente convincente que o livro “Há Dois Mil Anos”, “psicografado” por Chico Xavier, não passa de uma completa ficção. Em suma, é uma fraude histórica“. Em seguida, é afirmado que “há problemas desde a completa ignorância da construção dos nomes romanos, passando pela aceitação de documentos comprovadamente falsos e culminando na completa inexistência da entidade que teria ditado o livro, no caso, Emmanuel/Públio Lêntulo“ - acrescentando o texto que “as conseqüências disso para o kardecismo brasileiro, desnecessário dizer, são gravíssimas“. (Blog Obras Psicografadas) (grifei)


No que concerne à pesquisa histórica do artigo em comento, nada tenho a discutir, nem como questionar as fontes apresentadas pelo autor, a correlação de documentos ou entendimentos com o fato histórico aventado, pois não é minha área de conhecimento e pesquisa. Portanto, respeito minhas limitações e procuro não ser inconseqüente com avaliações despropositadas diante do trabalho alheio.


Entretanto, no que concerne ao comentário do autor quando assevera “das conseqüências disso para o kardecismo brasileiro“, não vejo onde, como ou porque, tal constatação iria atingir a Doutrina Espírita, caso o mesmo entenda que “kardecismo brasileiro” seja sinônimo de Espiritismo.


Primeiramente é fato que o Espiritismo tem suas bases estruturadas em cinco livros que compõem as Obras Básicas da Doutrina Espírita, e que nada têm a ver com o romance “Há Dois Mil Anos“ de Emmanuel/Chico, objeto de estudo do autor.


Em segundo lugar, o Espiritismo nada tem a ver com as opiniões pessoais do Espírito de Emmanuel, ou de seu médium Chico Xavier, como individualidades que são, e portanto livres para expressarem seus pensamentos, entendimentos e opiniões.


À esse respeito faz-se por oportuno pontuar que grande parte de tais pensamentos e opiniões não comungam em absoluto com os ensinamentos presentes nas Obras Básicas da Doutrina Espírita.


Nunca é demais ressaltar que todas as mensagens publicadas na Codificação, passaram pelo crivo do gênio racional e científico de Allan Kardec, que aplicou o sistema do Controle Universal dos Ensinos Espíritas, sob a supervisão efetiva de O Espírito da Verdade!


Portanto, se o autor do artigo em comento conhecesse da personalidade séria e investigativa de Kardec, saberia que este, prontamente ao se deparar com as mensagens psicográficas de Emmanuel e/ou André Luiz, teria feito um sério trabalho de pesquisa histórica, e iria com toda a seriedade e imparcialidade, na busca da veracidade ou não, das informações passadas pelo(s) Espírito(s). Quanto aos resultados, fossem eles quais fossem, seriam publicados sem a menor sombra de dúvida na REVISTA ESPÍRITA, com os devidos esclarecimentos e ensinamentos do insigne Codificador.Vale lembrar que Kardec, nunca deixou de publicar na referida revista, tudo o que pudesse ser objeto de análise, estudo e aprendizado para os novos Espíritas.


Confirmando esse entendimento, me reporto ao O Livro do Médiuns, quando o grande Mestre apresenta cinco “Comunicações Apócrifas”, esclarecendo que: “Há muitas vezes comunicações de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes respeitáveis, que o mais vulgar bom senso demonstra sua falsidade. Mas há aquelas em que o erro é disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo às vezes que se faça a distinção á primeira vista. Mas elas não resistem a um exame sério.” (L.M, Cap. XXXI, COMUNICAÇÕES APÓCRIFAS, p. 343) (grifei)


Portanto, podemos assegurar que o artigo em comento em nada poderia abalar, ou muito menos por em risco a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec.


Entretanto, o que realmente choca, entristece, e preocupa aos Espíritas estudiosos da Codificação, foram as DUZENTAS E CINQUENTA E NOVE, contestações indignadas, ensandecidas, desrespeitosas, irreais, infundadas, e superficiais (com raras exceções), postadas por pessoas que se auto intitulavam ESPÍRITAS!


À título de exemplo, transcrevo algumas “pérolas”, para que os leitores analisem e avaliem a quantas anda o Movimento Espírita Brasileiro, ou melhor dizendo, no que se tornou o Movimento Espírita Brasileiro, senão vejamos:


1 - “Benditas sejam as fraudes do Chico e as falsas personalidades de seus guias, – seus alteregos – que conseguiram colocar milhões de desesperançados no caminho da luz, da esperança e da renovação!” (...) “Benditos sejam os mentirosos do Chico, que com seus teores de altíssima energia e vibrações, permearam maravilhosamente a todos que dele se acercavam , – eu inclusive, – e que deram graças a Deus dele ter nascido junto a nós, no Brasil! Volte, Chico, por favor, volte com suas trapaças, milhões o aguardam ansiosamente, irão comemorar o seu retorno à Terra e de seus falsos guias! Quantos outros irmãos serão curados espiritualmente e renovados na fé pela luz-fantasia de Emmanuel, André Luiz e tantos outros!” (Carlos Magno) (Blog Obras Psicografadas)


Observe-se que o artigo em comento, trata-se de uma pesquisa de cunho histórico, e não religioso!


2 - “Olhe, conheci o Chico e convivi com pessoas que o conheceram melhor do que eu, e ninguém jamais falou dele com esse veneno que você destila. Você o conheceu mesmo, se aproximou dele algum dia? Cresceu no espiritismo? Desculpe, não acredito, senão você teria aprendido um mínimo! Ou então dormia nas cadeiras!” (Carlos Magno) (Blog Obras Psicografadas)


Observe-se que o artigo em comento, trata-se de uma pesquisa de cunho histórico, e não religioso!


3 - “Ah, meu. Isso que é perder tempo, mesmo! Eu até admiro o trabalho todo para provar a inexistência de Emmanuel. Já que estamos falando de personagens inexistentes, que tal você postar o livro eletrônico da ateus.net que prova fatalmente a inexistência de Jesus? Daí matamos a pau tudo de uma vez! É o fim. Do Cristianismo e do Espiritismo. Um forte abraço! E coragem: porque nesse país quem fala o que quer, ouve o que não quer. Bem, você já deve ter notado isso. Mas tudo bem! A vida segue. E mais “Emmanuéis” aparecem. Boa diversão!”(Codename V.) (Blog Obras Psicografadas)


Em dado momento os ditos “Espíritas” resolvem “atacar” a moral do autor do artigo, senão vejamos:


4 - “O Sr. José Carlos Ferreira Fernandes por um acaso é aquele da SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, que foi acusado de gastar R$ 315.902,75 do dinheiro público sem justificatívas plausíveis, e também recentemente intimado a comparecer a depor na CPI a respeito do vazamento do dito Dossiê…..Em caso positivo, vemos que trata-se de um trabalho com lastro não é…. Abraços fraternos……” (André) (grifei) (Blog Obras Psicografadas)


No que concerne à supra citada postagem o intermediador responde:

5 - “Não, não é. E mesmo que fosse, isso em nada macularia seu estudo. O raciocínio que você faz é falacioso, conhecido como ad-hominem, em que ao invés de criticar a obra, critica o autor.” (Vítor) (Blog Obras Psicografadas)


Vejamos agora o posicionamento desta opositora:

6 - (...) “Os “filhotinhos” aos quais me referi são todos brasileiros e, logicamente, mais novos do que Chico Xavier, que foi para os médiuns, o que o Papa é para os católicos. Nenhum médium que se prezasse, debutaria sem pedir a sua bênção“. (...) (Sônia) (grifei) (Blog Obras Psicografadas)


Agora a “Espírita” “ataca” o Sr. José Carlos, através do catolicismo, que parece ser a religião professada pelo dito pesquisador:

7 - (...) “Ah! meu caro José Carlos, o Catolicismo Romano e o Vaticano não merecem isso de mim e de ninguém. Bastam-lhes o horror que semeiam e a peçonha que espalham ao longo de 1.600 anos de dominação e manipulação, tanto de “nobres”, quanto “burgueses”. Com a mesma determinação, desprezam e mantêm propositalmente, na ignorância e na miséria, as massas incontáveis de injustiçados, através de “tratados”, “concordatas” “bulas”, “encíclicas” e outras invenções, com a finalidade principal do enriquecimento ilícito e do poder que vem com o dinheiro. Sem contar, os “milagres” inventados com a mesma vil finalidade.” (...) (Sônia) (Blog Obras Psicografadas)


E assim foram se posicionando os quase DUZENTOS E CINQUENTA E NOVE opositores ESPÍRITAS, diante de um artigo de cunho histórico que procura provar através de uma pesquisa bibliográfica a não existência de um documento e/ou de um personagem dito histórico!


Observem que não compareceu dentre os DUZENTOS E CINQUENTA E NOVE opositores, um único pesquisador, ou intelectual Espírita, que se posicionasse de forma coerente, elegante, equilibrada, acatando ou pondo em xeque, não a Doutrina Espírita, que nada tem a ver com o objeto de estudo do Sr. José Carlos, mas o método de investigação em si mesmo, já que o referido autor só se ateve a pesquisa bibliográfica - ou seja - a única discussão cabível ao caso seria no âmbito científico da pesquisa e só!!!!


Em contrapartida, o leitor depara-se com uma enxurrada de opositores fanáticos, dogmáticos, despreparados que podem ser tudo no mundo menos Espíritas! Pois como se auto intitular Espírita se não estudamos a Doutrina que dizemos abraçar?


De que adianta se apegar ao discurso “piegas” de “meus irmãos vamos nos amar, fazer caridade, ser humildes, perdoar os inimigos, etc.,”, bem próprio do Espírita preguiçoso, da turma do “deixa disso”, (bem diferente de JESUS ou de KARDEC, que nunca tiveram medo de demonstrar sua indignação) e que não têm coragem nem disposição para se debruçar sobre o manancial de ensinamentos trazidos nas Obras da Codificação Espírita?


Se todos os que se auto intitulam Espíritas, se dessem ao trabalho de estudar no mínimo, O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, a Doutrina Espírita não teria tomado os rumos mistificados que tomou, tornando-se uma seita dogmática, que tem segundo a “Espírita Sônia“, um PAPA que seria o médium Chico Xavier; já que todo o Espírita que se preze deve saber no mínimo que o Espiritismo não é uma religião institucionalizada com hierarquia!


Diante do exposto, entendo que precisamos URGENTEMENTE de um movimento em prol do estudo das Obras Básicas da Codificação, para que a Doutrina Espírita não se perca em seus princípios, como aconteceu com os ensinamentos de Jesus.


Diante dos rumos que estão sendo tomados, é fácil imaginar que daqui a um século (ou menos que isso) a humanidade não terá mais que uma remota idéia dos princípios espíritas, posto que as Obras Básicas já estarão totalmente alteradas (como já se tentou fazer com o Evangelho Segundo o Espiritismo), seus princípios desvirtuados, a figura de Allan Kardec obviamente esquecida, e quem assumirá a total representatividade da Doutrina Espírita, será o médium Chico Xavier, e as OBRAS COMPLEMENTARES ditadas pelo Espírito de Emmanuel e/ou André Luiz, serão as obras de referência para o estudo do Espiritismo.


Portanto Espíritas, “despertemos” para realidade que se afigura aos nossos olhos! Ainda é tempo de nos debruçarmos e estudarmos a Codificação Espírita trazida a tão pouco tempo pelos Espíritos Superiores, sob a égide do Espírito da Verdade, para que possamos ter a segurança e a coragem de rechaçar as fraudes.


Precisamos resgatar a Doutrina Espírita, salvando-a da crueldade que se faz quando a deturpam e distorcem seus princípios, objetivando a Morte de sua própria essência! Sim, isso é uma espécie de morte! O extermínio da Doutrina dar-se-á pelo desvirtuamento de seus princípios, privando-se assim as próximas gerações do acesso às verdades consoladoras e libertadoras da Doutrina que veio em meados do século XIX, para alavancar a humanidade de seu estado de ignorância e sofrimento.


Outro aspecto importantíssimo que não se pode relegar a segundo plano, é o momento do retorno ao plano espiritual, quando nos defrontaremos com o Tribunal de Nossa Consciência. Como será desesperador assumirmos que participamos de forma ativa ou omissiva de uma “teia” ardilosamente arquitetada para destruir os Preceitos Espíritas!


Nesse sentido, não poderemos nem sequer argüir em nossa defesa a “ignorância“, pois tivemos em nossas mãos as armas para nos defendermos dela, que eram as Obras Básicas.


Daí, enfrentaremos a vergonha e o remorso no âmago de nosso Espírito imortal! Primeiramente diante de Deus e de nós mesmos. Em seguida, perante Jesus, perante nosso Guia Espiritual, perante Allan Kardec, e toda a plêiade de Espíritos Superiores, como tantos outros que trabalharam na condição de encarnados como médiuns da Codificação, dando tudo de si em benefício do progresso da humanidade!


E nesse momento de dores acerbas, certamente Chico, Emmanuel e André Luiz não estarão presentes para interceder por ninguém, pois estarão provavelmente como todo Espírito errante, prestando suas próprias contas e avaliando seus atos. Se estiverem encarnados, estarão provavelmente, trabalhando pela reconstrução da Doutrina dos Espíritos. Essa é a Lei.