Por Antonio
Sérgio C. Picollo e Elio Mollo
Dentre as principais
finalidades de um Centro Espírita, destacam-se, o amparo, o esclarecimento e o
consolo, à luz da Doutrina Espírita, que se fornecem a todos os irmãos
necessitados que o procuram. Em primeiro lugar é óbvio que se algum espírita
pretende ajudar alguém, à luz do Espiritismo, é necessário que ele conheça seus
fundamentos básicos. É neste ponto que verificamos que surgem muitos problemas,
de forma muito comum, em diversos Centros Espíritas de todo o Brasil.
Infelizmente, muitos dirigentes e trabalhadores da Seara Espírita não conhecem
a fundo (às vezes, nem superficialmente) as obras básicas do Espiritismo
codificadas por Allan Kardec e por isso mesmo tornam-se inaptos a orientar
algum necessitado, ou mesmo a proferir uma palestra sobre Espiritismo.
Parece-nos que muitos ainda não conhecem aquelas velhas frases: "Temos de
começar pelo começo" ou "Não se inicia a construção de uma casa pelo
telhado, e sim pelo alicerce". É comum constatarmos que diversos Centros
Espíritas e Federações de alguns Estados, em seus cursos básicos de
Espiritismo, ou até mesmo em palestras abertas ao público em geral, releguem as
obras de Kardec a um segundo plano, dando franca preferência a outros livros
psicografados. E ainda orientam pessoas iniciantes na Doutrina a começarem a
ler esse tipo de literatura que, queremos deixar bem claro, são importantes,
louváveis e de inestimável valor, porém, para aqueles que já possuem
conhecimento dos elementos básicos da Doutrina Espírita. Não é raro assistirmos
palestras públicas, onde muitas pessoas lá se encontram pela primeira vez, e
vemos que o expositor espírita, após esclarecer que aquele local é uma “Casa
Kardecista”, se põe a falar sobre os bônus-hora, de ministérios existentes nas
colônias espirituais, dos veículos de locomoção lá existentes etc.. Ora, se
alguém de bom-senso, leigo em conhecimentos espíritas, assistir a esse tipo de
palestra, logo duvidará da seriedade do Espiritismo e dos espíritas, pois, com
razão, achará que tudo aquilo é ilógico ou se trata de algum conto de ficção.
Não devemos nos esquecer de que todos os dias chegam aos Centros Espíritas
pessoas oriundas de outras religiões, que nada conhecem sobre Espiritismo e por
isso é que tanto em matéria de palestras, como em relação a orientar sobre leituras,
é de suma importância que se dê ênfase às obras basilares da Doutrina, a saber:
"O que é o Espiritismo", "O Livro dos Espíritos",
e, para que essas pessoas não se confundam e, sim, sejam esclarecidas.
Depois desses conhecimentos bem assentados em nossas mentes, é que poderemos
pensar em dar continuidade, em cursos separados do curso básico, ao estudo
regular e metódico de "O Livro dos Médiuns" e demais obras de
Kardec. Somente aí é que estaremos realmente em condições de estudarmos as
importantes e verdadeiras obras subsidiárias da Doutrina Espírita. Como
dissemos em relação a essas últimas nada temos contra, muito pelo contrário,
porém, reafirmamos que somente aqueles que já adquiriram conhecimentos das
obras de Kardec serão capazes de absorver essas instruções. Caso contrário,
estaremos orientando essas criaturas de forma distorcida e isso é uma irresponsabilidade.
Como podemos nos considerar
espíritas sem o conhecimento das obras de Kardec? Como ingressarmos numa
faculdade de medicina, por exemplo, no quarto ano de graduação, sem termos
conhecimento dos três primeiros anos básicos? Certamente, não entenderíamos
muita coisa do restante do curso, sentiríamos falta de conhecimentos básicos
para compreendermos novas lições, e, se prosseguíssemos, sem dúvida, nos
tornaríamos maus profissionais, pondo em risco a saúde dos pacientes,
desprestigiando a medicina e os colegas de profissão. Esse simples exemplo
serve como termo de comparação com o Centro Espírita. Se alguma pessoa tiver
acesso a uma Casa Espírita e não lhe for apresentada corretamente a Doutrina
Espírita, esta pessoa, caso continue a freqüentar esse local, continuará com
falta de conhecimento e coragem para solucionar esses problemas e, no futuro,
será um médium ou trabalhador inseguro, cheio de dúvidas, e ignorante dos
conhecimentos que necessita para si e também para poder ajudar aos outros.
Não achamos válida a
justificativa que muitos irmãos utilizam de que "Kardec é difícil de
entender" ou que "As obras de Kardec são maçantes".
Recordamos textualmente as palavras do codificador na introdução de "O
Livro dos Espíritos": "Mas jamais dissemos que esta ciência
seja fácil nem que se possa aprendê-la brincando, como também não se dá como
qualquer outra ciência. Nunca será demais repetir que ela exige estudo
constante e quase sempre prolongado".
Se observarmos com
profundidade as obras de Kardec chegaremos a conclusão de que ele sempre usou o
bom senso e para não criar dúvidas procurou ser objetivo e simples durante a
codificação. Devemos alertar que muitas obras de outros autores que são
consideradas "fáceis de entender", além de muitas vezes conterem
erros doutrinários, não nos tornam aptos a compreendermos correta e
aprofundadamente a Doutrina Espírita, gerando, cedo ou tarde, dúvidas e
confusão dentro de nós mesmos que preferimos o caminho "mais fácil".
Daí a importância de termos dirigentes espíritas conscientes e responsáveis
para essa difícil tarefa de conduzirem a Doutrina Espírita com o máximo de
pureza doutrinária, de saberem criar cursos regulares de Espiritismo de maneira
adequada e lógica, sempre à luz das obras de Kardec em primeiro lugar. Que
nossos dirigentes respeitem o Espiritismo divulgando-o como ele é na realidade
e não inserindo opiniões pessoais como sendo verdade. Daí também surge a
necessidade gritante de se capacitarem melhor, se aprofundando nas obras de
Kardec, de se atualizarem através de trocas de experiências com outros
dirigentes de outras Casas Espíritas, da leitura e divulgação dos jornais
espíritas, enfim, de estudar Kardec e entender melhor as lições Jesus para
praticá-las com mais eficiência a cada dia que passa.
Pensemos nessa responsabilidade.
Tem uma obra de Kardec que gosto muito de emprestar a iniciantes e curiosos ao espiritismo, chama, O Espiritismo em sua Expressão mais Simples. É uma obra nada falada no meio espírita, mas acho de grande valor para causar boa impressão aos novatos.
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