sábado, 5 de novembro de 2011

A INDIGNAÇÃO DOS ESPÍRITAS

Por Maria das Graças Cabral

Em face do artigo intitulado “Considerações acerca da Veracidade e da Historicidade da assim denominada Carta de Públio Lêntulo”, tendo como autor o pesquisador Sr. José Carlos Ferreira Fernandes, publicado no Blog intitulado “Obras Psicografadas”, desenvolvo o presente trabalho intitulado “A Indignação dos Espíritas“.


Importante esclarecer aos leitores que o autor do artigo em comento, desenvolve um trabalho de pesquisa de cunho histórico, tendo como objeto de estudo os dados apresentados no livro “Há Dois Mil Anos”, de autoria do Espírito Emmanuel, e psicografado pelo médium Chico Xavier.


Segundo as palavras apostas na apresentação do referido trabalho, é dito tratar-se de pesquisa que “procura demonstrar de forma fortemente convincente que o livro “Há Dois Mil Anos”, “psicografado” por Chico Xavier, não passa de uma completa ficção. Em suma, é uma fraude histórica“. Em seguida, é afirmado que “há problemas desde a completa ignorância da construção dos nomes romanos, passando pela aceitação de documentos comprovadamente falsos e culminando na completa inexistência da entidade que teria ditado o livro, no caso, Emmanuel/Públio Lêntulo“ - acrescentando o texto que “as conseqüências disso para o kardecismo brasileiro, desnecessário dizer, são gravíssimas“. (Blog Obras Psicografadas) (grifei)


No que concerne à pesquisa histórica do artigo em comento, nada tenho a discutir, nem como questionar as fontes apresentadas pelo autor, a correlação de documentos ou entendimentos com o fato histórico aventado, pois não é minha área de conhecimento e pesquisa. Portanto, respeito minhas limitações e procuro não ser inconseqüente com avaliações despropositadas diante do trabalho alheio.


Entretanto, no que concerne ao comentário do autor quando assevera “das conseqüências disso para o kardecismo brasileiro“, não vejo onde, como ou porque, tal constatação iria atingir a Doutrina Espírita, caso o mesmo entenda que “kardecismo brasileiro” seja sinônimo de Espiritismo.


Primeiramente é fato que o Espiritismo tem suas bases estruturadas em cinco livros que compõem as Obras Básicas da Doutrina Espírita, e que nada têm a ver com o romance “Há Dois Mil Anos“ de Emmanuel/Chico, objeto de estudo do autor.


Em segundo lugar, o Espiritismo nada tem a ver com as opiniões pessoais do Espírito de Emmanuel, ou de seu médium Chico Xavier, como individualidades que são, e portanto livres para expressarem seus pensamentos, entendimentos e opiniões.


À esse respeito faz-se por oportuno pontuar que grande parte de tais pensamentos e opiniões não comungam em absoluto com os ensinamentos presentes nas Obras Básicas da Doutrina Espírita.


Nunca é demais ressaltar que todas as mensagens publicadas na Codificação, passaram pelo crivo do gênio racional e científico de Allan Kardec, que aplicou o sistema do Controle Universal dos Ensinos Espíritas, sob a supervisão efetiva de O Espírito da Verdade!


Portanto, se o autor do artigo em comento conhecesse da personalidade séria e investigativa de Kardec, saberia que este, prontamente ao se deparar com as mensagens psicográficas de Emmanuel e/ou André Luiz, teria feito um sério trabalho de pesquisa histórica, e iria com toda a seriedade e imparcialidade, na busca da veracidade ou não, das informações passadas pelo(s) Espírito(s). Quanto aos resultados, fossem eles quais fossem, seriam publicados sem a menor sombra de dúvida na REVISTA ESPÍRITA, com os devidos esclarecimentos e ensinamentos do insigne Codificador.Vale lembrar que Kardec, nunca deixou de publicar na referida revista, tudo o que pudesse ser objeto de análise, estudo e aprendizado para os novos Espíritas.


Confirmando esse entendimento, me reporto ao O Livro do Médiuns, quando o grande Mestre apresenta cinco “Comunicações Apócrifas”, esclarecendo que: “Há muitas vezes comunicações de tal maneira absurdas, embora assinadas por nomes respeitáveis, que o mais vulgar bom senso demonstra sua falsidade. Mas há aquelas em que o erro é disfarçado pela mistura com princípios certos, iludindo e impedindo às vezes que se faça a distinção á primeira vista. Mas elas não resistem a um exame sério.” (L.M, Cap. XXXI, COMUNICAÇÕES APÓCRIFAS, p. 343) (grifei)


Portanto, podemos assegurar que o artigo em comento em nada poderia abalar, ou muito menos por em risco a Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec.


Entretanto, o que realmente choca, entristece, e preocupa aos Espíritas estudiosos da Codificação, foram as DUZENTAS E CINQUENTA E NOVE, contestações indignadas, ensandecidas, desrespeitosas, irreais, infundadas, e superficiais (com raras exceções), postadas por pessoas que se auto intitulavam ESPÍRITAS!


À título de exemplo, transcrevo algumas “pérolas”, para que os leitores analisem e avaliem a quantas anda o Movimento Espírita Brasileiro, ou melhor dizendo, no que se tornou o Movimento Espírita Brasileiro, senão vejamos:


1 - “Benditas sejam as fraudes do Chico e as falsas personalidades de seus guias, – seus alteregos – que conseguiram colocar milhões de desesperançados no caminho da luz, da esperança e da renovação!” (...) “Benditos sejam os mentirosos do Chico, que com seus teores de altíssima energia e vibrações, permearam maravilhosamente a todos que dele se acercavam , – eu inclusive, – e que deram graças a Deus dele ter nascido junto a nós, no Brasil! Volte, Chico, por favor, volte com suas trapaças, milhões o aguardam ansiosamente, irão comemorar o seu retorno à Terra e de seus falsos guias! Quantos outros irmãos serão curados espiritualmente e renovados na fé pela luz-fantasia de Emmanuel, André Luiz e tantos outros!” (Carlos Magno) (Blog Obras Psicografadas)


Observe-se que o artigo em comento, trata-se de uma pesquisa de cunho histórico, e não religioso!


2 - “Olhe, conheci o Chico e convivi com pessoas que o conheceram melhor do que eu, e ninguém jamais falou dele com esse veneno que você destila. Você o conheceu mesmo, se aproximou dele algum dia? Cresceu no espiritismo? Desculpe, não acredito, senão você teria aprendido um mínimo! Ou então dormia nas cadeiras!” (Carlos Magno) (Blog Obras Psicografadas)


Observe-se que o artigo em comento, trata-se de uma pesquisa de cunho histórico, e não religioso!


3 - “Ah, meu. Isso que é perder tempo, mesmo! Eu até admiro o trabalho todo para provar a inexistência de Emmanuel. Já que estamos falando de personagens inexistentes, que tal você postar o livro eletrônico da ateus.net que prova fatalmente a inexistência de Jesus? Daí matamos a pau tudo de uma vez! É o fim. Do Cristianismo e do Espiritismo. Um forte abraço! E coragem: porque nesse país quem fala o que quer, ouve o que não quer. Bem, você já deve ter notado isso. Mas tudo bem! A vida segue. E mais “Emmanuéis” aparecem. Boa diversão!”(Codename V.) (Blog Obras Psicografadas)


Em dado momento os ditos “Espíritas” resolvem “atacar” a moral do autor do artigo, senão vejamos:


4 - “O Sr. José Carlos Ferreira Fernandes por um acaso é aquele da SECRETARIA DE ADMINISTRAÇÃO DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA, que foi acusado de gastar R$ 315.902,75 do dinheiro público sem justificatívas plausíveis, e também recentemente intimado a comparecer a depor na CPI a respeito do vazamento do dito Dossiê…..Em caso positivo, vemos que trata-se de um trabalho com lastro não é…. Abraços fraternos……” (André) (grifei) (Blog Obras Psicografadas)


No que concerne à supra citada postagem o intermediador responde:

5 - “Não, não é. E mesmo que fosse, isso em nada macularia seu estudo. O raciocínio que você faz é falacioso, conhecido como ad-hominem, em que ao invés de criticar a obra, critica o autor.” (Vítor) (Blog Obras Psicografadas)


Vejamos agora o posicionamento desta opositora:

6 - (...) “Os “filhotinhos” aos quais me referi são todos brasileiros e, logicamente, mais novos do que Chico Xavier, que foi para os médiuns, o que o Papa é para os católicos. Nenhum médium que se prezasse, debutaria sem pedir a sua bênção“. (...) (Sônia) (grifei) (Blog Obras Psicografadas)


Agora a “Espírita” “ataca” o Sr. José Carlos, através do catolicismo, que parece ser a religião professada pelo dito pesquisador:

7 - (...) “Ah! meu caro José Carlos, o Catolicismo Romano e o Vaticano não merecem isso de mim e de ninguém. Bastam-lhes o horror que semeiam e a peçonha que espalham ao longo de 1.600 anos de dominação e manipulação, tanto de “nobres”, quanto “burgueses”. Com a mesma determinação, desprezam e mantêm propositalmente, na ignorância e na miséria, as massas incontáveis de injustiçados, através de “tratados”, “concordatas” “bulas”, “encíclicas” e outras invenções, com a finalidade principal do enriquecimento ilícito e do poder que vem com o dinheiro. Sem contar, os “milagres” inventados com a mesma vil finalidade.” (...) (Sônia) (Blog Obras Psicografadas)


E assim foram se posicionando os quase DUZENTOS E CINQUENTA E NOVE opositores ESPÍRITAS, diante de um artigo de cunho histórico que procura provar através de uma pesquisa bibliográfica a não existência de um documento e/ou de um personagem dito histórico!


Observem que não compareceu dentre os DUZENTOS E CINQUENTA E NOVE opositores, um único pesquisador, ou intelectual Espírita, que se posicionasse de forma coerente, elegante, equilibrada, acatando ou pondo em xeque, não a Doutrina Espírita, que nada tem a ver com o objeto de estudo do Sr. José Carlos, mas o método de investigação em si mesmo, já que o referido autor só se ateve a pesquisa bibliográfica - ou seja - a única discussão cabível ao caso seria no âmbito científico da pesquisa e só!!!!


Em contrapartida, o leitor depara-se com uma enxurrada de opositores fanáticos, dogmáticos, despreparados que podem ser tudo no mundo menos Espíritas! Pois como se auto intitular Espírita se não estudamos a Doutrina que dizemos abraçar?


De que adianta se apegar ao discurso “piegas” de “meus irmãos vamos nos amar, fazer caridade, ser humildes, perdoar os inimigos, etc.,”, bem próprio do Espírita preguiçoso, da turma do “deixa disso”, (bem diferente de JESUS ou de KARDEC, que nunca tiveram medo de demonstrar sua indignação) e que não têm coragem nem disposição para se debruçar sobre o manancial de ensinamentos trazidos nas Obras da Codificação Espírita?


Se todos os que se auto intitulam Espíritas, se dessem ao trabalho de estudar no mínimo, O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, a Doutrina Espírita não teria tomado os rumos mistificados que tomou, tornando-se uma seita dogmática, que tem segundo a “Espírita Sônia“, um PAPA que seria o médium Chico Xavier; já que todo o Espírita que se preze deve saber no mínimo que o Espiritismo não é uma religião institucionalizada com hierarquia!


Diante do exposto, entendo que precisamos URGENTEMENTE de um movimento em prol do estudo das Obras Básicas da Codificação, para que a Doutrina Espírita não se perca em seus princípios, como aconteceu com os ensinamentos de Jesus.


Diante dos rumos que estão sendo tomados, é fácil imaginar que daqui a um século (ou menos que isso) a humanidade não terá mais que uma remota idéia dos princípios espíritas, posto que as Obras Básicas já estarão totalmente alteradas (como já se tentou fazer com o Evangelho Segundo o Espiritismo), seus princípios desvirtuados, a figura de Allan Kardec obviamente esquecida, e quem assumirá a total representatividade da Doutrina Espírita, será o médium Chico Xavier, e as OBRAS COMPLEMENTARES ditadas pelo Espírito de Emmanuel e/ou André Luiz, serão as obras de referência para o estudo do Espiritismo.


Portanto Espíritas, “despertemos” para realidade que se afigura aos nossos olhos! Ainda é tempo de nos debruçarmos e estudarmos a Codificação Espírita trazida a tão pouco tempo pelos Espíritos Superiores, sob a égide do Espírito da Verdade, para que possamos ter a segurança e a coragem de rechaçar as fraudes.


Precisamos resgatar a Doutrina Espírita, salvando-a da crueldade que se faz quando a deturpam e distorcem seus princípios, objetivando a Morte de sua própria essência! Sim, isso é uma espécie de morte! O extermínio da Doutrina dar-se-á pelo desvirtuamento de seus princípios, privando-se assim as próximas gerações do acesso às verdades consoladoras e libertadoras da Doutrina que veio em meados do século XIX, para alavancar a humanidade de seu estado de ignorância e sofrimento.


Outro aspecto importantíssimo que não se pode relegar a segundo plano, é o momento do retorno ao plano espiritual, quando nos defrontaremos com o Tribunal de Nossa Consciência. Como será desesperador assumirmos que participamos de forma ativa ou omissiva de uma “teia” ardilosamente arquitetada para destruir os Preceitos Espíritas!


Nesse sentido, não poderemos nem sequer argüir em nossa defesa a “ignorância“, pois tivemos em nossas mãos as armas para nos defendermos dela, que eram as Obras Básicas.


Daí, enfrentaremos a vergonha e o remorso no âmago de nosso Espírito imortal! Primeiramente diante de Deus e de nós mesmos. Em seguida, perante Jesus, perante nosso Guia Espiritual, perante Allan Kardec, e toda a plêiade de Espíritos Superiores, como tantos outros que trabalharam na condição de encarnados como médiuns da Codificação, dando tudo de si em benefício do progresso da humanidade!


E nesse momento de dores acerbas, certamente Chico, Emmanuel e André Luiz não estarão presentes para interceder por ninguém, pois estarão provavelmente como todo Espírito errante, prestando suas próprias contas e avaliando seus atos. Se estiverem encarnados, estarão provavelmente, trabalhando pela reconstrução da Doutrina dos Espíritos. Essa é a Lei.
















19 comentários:

  1. O "achismo" é uma superfície rasa, sem necessário aprofundamento. É por isso que vem à tona com tanta força.No entanto, é objeto de estudo, daí a sua valia. Na sede do conhecimento, ainda substituimos a água da verdade por refresco açucarado.

    Um abraço amiga.

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  2. Excelente texto, este, dividido em dois bons momentos:
    Primeiro, a defesa exata do Espiritismo, convocando Kardec e as obras básicas. Serve de alerta para o que acontece, de fato, no movimento espírita atual, onde uma enxurrada de opiniões pessoais, porém assinadas como "espíritas" ganham destaque absurdo, comprometendo a doutrina com "achismos" que nada têm a acrescentar - muito pelo contrário. Vale lembrar que o próprio Emmanuel sempre alertou Chico de que, entre ele e Kardec que se ficasse com Kardec.
    Segundo: a enxurrada de comentários indignados estão de acordo com a equivocada postura de que não importa se é ruim - ou até falso - o que importa é que seja espírita. Caso de muitos filmes de qualidade duvidosa lançados como sendo espíritas e que, ao receberem críticas desfavoráveis, despertam a ira de seguidores da doutrina adeptos do "falem mal, mas falem de mim"...
    Parabéns a autora! George de Marco (fez o comentário em O Blog dos Espíritas)

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  3. Difícil é encontrar um adjetivo para esse texto. É de uma propriedade inquestionável. Evidencia profundo saber da Doutrina. A Autora foi absolutamente feliz.

    Aristeu (comentário postado em O Blog dos Espíritas)

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  4. Tarcísio José de Lima says:

    15 de novembro de 2011 09:06 Reply



    lindas e bem apropriadas, bem ajuizadas, as suas palavras, estimada irmã maria das graças! é fato, tão reconhecido quão lamentável, que o movimento espirita brasileiro ainda manqueje tanto, à falta de dedicação ao estudo sério das obras básicas, da codificação kardeciana, da doutrina, propriamente dita!
    guardemos nossas opiniões pessoais para quando forem estas solicitadas... se formos nos pronunciar "em nome da doutrina espírita" ou se nos julgamos instados a fazê-lo, que o façamos com base em conhecimentos e ponderações adquiridos no hábito do estudo dos postulados doutrinários, para que não venhamos a comprometer, anatematizar a grandeza mesma que intentamos defender! nossas palavras atabalhoadas, pessoais, nosso achismo, mais comprometerão a aceitação e a simpatia das pessoas sérias, do que a sobriedade de posicionamentos, oriunda da reflexão, da pesquisa, do estudo, que é o cerne mesmo do espiritismo.
    de parabéns a doutrina e, até!, o movimento, estimada irmã, por suas palavras que nos exortam a uma mudança dessa atitude tão leviana e comum em nosso meio, qual seja o descaso para com o riquíssimo manancial que recebemos, por uma atitude de respeito, agradecimento, emprego, bom uso, desse mesmo manancial.
    paz, para a sra. e para todos nós, espíritas e para todos os irmãos das mais diferentes crenças, concepções e maneiras de expressar/vivenciar seu instinto religioso. e que deus nos abençoe

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  5. Em primeiro lugar, a resposta da autora do texto deveria ser historiográfica, não religiosa. Não há porque se indignar com as livre opiniões expressas pelos internautas, eles são pessoas com liberdade de expressão, não porta vozes da doutrina. Melhor faz o pessoal do SER, de Belo Horizonte, que tem lido sistematicamente os céticos e seus artigos na Web, respondendo-os à altura, sem pretensões de verdade absoluta, já que o conhecimento, reconhecidamente, inclusive o mediúnico é sempre verossimilhante e refratado. Uma resposta exige passar por toda a historiografia citada, conferir as razões de argumentação do autor, etc. Sem fazer isso, escrever por indignação não ajuda em nada. A Doutrina se auto-defende largamente e a obra de Chico também. A arqueologia tem confirmado muita coisa e o confirmará no futuro, como o fêz com quase todo o romance "Paulo e Estevão." Confiram os argumentos de Haroldo Dutra Dias, que realmente tem estudado os romances históricos em confronto com a historiografia em suas diversas vertentes. Ao Sr. José Carlos devemos agradecer por nos instigar a perceber aspectos do texto para os quais não havíamos atentado. O que ele desconhece é que há controvérsias historiográficas sobre os autores e dados que cita, e que as discussões não são assim pacíficas. Científico, como ele poderia ser? Apenas bibliográfico mesmo.Vamos agora defender a tese positivista oitocentista da história como ciência? No máximo um saber estético com métodos científicos e horizontes verossimilhantes. Os céticos por vezes lêem melhor a obra de Chico do que os Espíritas, ou seja, com mais atenção aos detalhes. Mas, quando os espíritas o fazem de forma competente, ficam surpreendidos com o que podem confirmar em confronto com a historiografia. A controvérsia é positiva. É fé raciocinada, jamais inibamos as perguntas. Claro, de vez em quado vemos até espíritas fazendo comparações facilmente refutáveis. As pessoas pensam que pesquisar é ir na Wikipedia e procurar conceitos genéricos, lêem um historiador ou dois e pensam que o consenso de suas opiniões é lugar comum. Emfim, estudem, vençam a preguiça! Depois, debatamos, mas, não disputemos...como propunha Kardec na Revista Espírita...

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    1. Caro Sr.(ª), gostaria que observasse os seguintes itens do artigo “A Indignação dos Espíritas“, pois percebo que se equivocou em sua interpretação, senão vejamos:

      1) Inicialmente transcrevi in verbis o seguinte trecho do texto objeto da “indignação dos espíritas”:
      Segundo as palavras apostas na apresentação do referido trabalho, é dito tratar-se de pesquisa que “procura demonstrar de forma fortemente convincente que o livro “Há Dois Mil Anos”, “psicografado” por Chico Xavier, não passa de uma completa ficção. Em suma, é uma fraude histórica“. Em seguida, é afirmado que “há problemas desde a completa ignorância da construção dos nomes romanos, passando pela aceitação de documentos comprovadamente falsos e culminando na completa inexistência da entidade que teria ditado o livro, no caso, Emmanuel/Públio Lêntulo“ - acrescentando o texto que “as conseqüências disso para o kardecismo brasileiro, desnecessário dizer, são gravíssimas“. (Blog Obras Psicografadas) (grifei)

      2) Acrescento:
      No que concerne à pesquisa histórica do artigo em comento, nada tenho a discutir, nem como questionar as fontes apresentadas pelo autor, a correlação de documentos ou entendimentos com o fato histórico aventado, pois não é minha área de conhecimento e pesquisa. Portanto, respeito minhas limitações e procuro não ser inconseqüente com avaliações despropositadas diante do trabalho alheio.

      Entretanto, no que concerne ao comentário do autor quando assevera “das conseqüências disso para o kardecismo brasileiro“, não vejo onde, como ou porque, tal constatação iria atingir a Doutrina Espírita, caso o mesmo entenda que “kardecismo brasileiro” seja sinônimo de Espiritismo.

      3) Adiante:
      E assim foram se posicionando os quase DUZENTOS E CINQUENTA E NOVE opositores ESPÍRITAS, diante de um artigo de cunho histórico que procura provar através de uma pesquisa bibliográfica a não existência de um documento e/ou de um personagem dito histórico!

      Observem que não compareceu dentre os DUZENTOS E CINQUENTA E NOVE opositores, um único pesquisador, ou intelectual Espírita, que se posicionasse de forma coerente, elegante, equilibrada, acatando ou pondo em xeque, não a Doutrina Espírita, que nada tem a ver com o objeto de estudo do Sr. José Carlos, mas o método de investigação em si mesmo, já que o referido autor só se ateve a pesquisa bibliográfica - ou seja - a única discussão cabível ao caso seria no âmbito científico da pesquisa e só!!!!

      4) Concluindo, acho que o senhor (a) não observou, ou não entendeu que o que procurei demonstrar é que para tal artigo só caberia um debate com quem tem competência acadêmica, de pesquisa para discutir a tese do autor! E não o que efetivamente ocorreu, pois, o assunto descambou para o desequilíbrio fanático religioso. E como o senhor(a) mesmo falou, usei da minha liberdade de expressão, para demonstrar a “onda fanática” que se propaga no movimento espírita. É fato que o artigo do senhor José Carlos em NADA abala a Doutrina dos Espíritos, que nada tem a ver com Emmanuel e/ou Chico Xavier.

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  6. A historiografia é o campo do impreciso, versões historiográficas são interpretações. Especialmente no que tange à historiografia sobre Roma, é enorme o que não se sabe. Então, pra mim, é uma questão de dar crédito a Emmanuel ou a outros cronistas do período. Sobre número de habitantes, de mortos, isso até hoje é dificil por vezes de determinar com alguns dias passados. Só convivendo com a historiografia sobre a arqueologia como eu pra conhecer suas frágeis pretensões de verdade. No máximo, verossimilhança. Agora, o argumento de plágio não se sustenta, as semelhanças seriam possíveis com qualquer outro texto, paráfrases são possíveis… Fica pra mim parecendo aquele pessoal que quer encontrar traços de hindo-europeu no alemão arcaico….conjectura mais do que tudo…..Então, qual a diferença? Se há um campo movediço pra se questionar o livro é o impreciso da historiografia sobre o período. E o mais interessante é que o autor cita a historiografia que questiona os dados e não a que os corrobora. Os argumentos em favor e contra a população de Roma são equivalentes. A arqueologia vai e vem… E, quem questiona a nomenclatura também dá crédito a autores, e, o pior, desconhece que “Ha dois mil anos é um romance histórico…, não uma obra de historiografia positivist”. Se seguirmos a regra dos outros romances psicografados por Chico os pseudônimos são comuns….

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    1. Sr (ª), excelente explanação. Seria interessante estar postada no Blog Obras Psicografadas, para que o Sr. José Carlos tomasse conhecimento, de que existem estudiosos que podem demonstrar um outro aspecto da análise feita. Quanto ao presente artigo, como já firmei anteriormente, não tem por objetivo fazer nenhuma análise da pesquisa do Sr. José Carlos, mas apenas ressaltar que a veracidade ou não da obra de Emmanuel/Chico, nada tem a ver com Doutrina
      Espírita.

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  7. Muito bom o post parabéns a autoria, e me abstenho aqui para qualquer outra declaração a respeito das obras mediadas por Chico Xavier que detinha um mediunato sublime e sobre o dito dos seus mentores espirituais nas obras transcrevidas dessa atividade. Não tenho tempo para ler romances espíritas muito menos cartinhas de bem dizeres desses mentores a respeito da moral cristã. Moral Cristã é Jesus e seus ensinamentos, e doutrina espírita são todas as obras FUNDAMENTAIS advindas dos espirítos superiores decodificadas por Kardec, os demais são pueris. Assim, já temos muito material para estudar e aperfeiçoar, cada um que faça a sua escolha!!

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  8. Tudo isso se resume em que cada um entende de acordo com seu entendimento evolutivo , nada é errado , nem tudo é certo...Não existe , ou existe , é mentira ou verdade ! Apensa depende do entendimento de cada um...Luz a todos.

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  9. Excelente texto minha irmã, e acrescento que, inúmeras pessoas que falam e/ou escrevem depreciando o espiritismo é porque não estudam o próprio espiritismo. Peço à distinta autora do artigo que não perca a paciência e não procure entrar em choque demasiado com pessoas que não querem ao menos fazer um pequeno estudo sério acerca da doutrina espírita. Os nossos possíveis adversários, sejam encarnados e/ou não, querem nos desestabilizar mediante artigos e ou falas mascaradas de cunho Bíblico, mas que no fundo da questão querem ir contra a reforma moral, indispensável a todos nós, encarnados e desencarnados. Muita paz minha irmã, e parabéns pela inteligência e raciocínio que possui em sua existência.

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  10. O texto é muito bom, porém discordo, se é que entendi corretamente o que a conclusão quer passar: Chico Xavier é um impostor? que trabalhou em prol do desmantelamento dos preceitos espiritas? Reconhece a árvore pelos frutos...
    Um pouco de humildade nunca é demais.

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  11. Não concordo com a expressão Indignação, ela revela sentimentos que não se coadunam com o espiritismo.Sobre a incoerência dos nomes, por não serem de acordo com a ordem da família romana,não invalida a obra.Os nomes romanos apenas ficaram mais fáceis de se compreender.É uma obra linda de Emmanuel, psicografada nada mais nada menos do que Chico Xavier.

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  12. E' muito importante o estudo critico da doutrina. E' a sua base, fe' raciocinada.
    No entanto como alguns movimentos Cristãos que ha milênios interpretam as palavras de forma literal. Palavras que foram interpretadas e traduzidas, e passadas através do verbo para o papel.
    Não e’ pertinente tentar compreender literalmente palavras passadas para o papel, não através do já frágil verbo, mas através de comunicações mediúnicas que dependem de tantos fatores.
    Kardec informa que nem a palavra nem nossa compreensão estão preparadas para algumas verdades.(ou estariam na época)
    Kardec não será suplantado por ninguém. Será complementado por alguns. E será compreendido por aqueles que raciocinarem.
    Para os que já possuem a asa da razão bem desenvolvida, so resta o exercício do amor, da compreensão e principalmente da humildade.
    (Desculpe a acentuação de algumas palavras, foram interpretados de forma errôneas pela maquina)

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  13. Como apaixonada por história, também já me perguntei sobre a veracidade do romance... mas como um amigo muito sábio já escreveu, a verdade e a confirmação de fatos desse tipo são infelizmente impossíveis, ao menos até os dias de hoje. Acredito que é interessante ler o livro como um complemento, mais nada. E outra, não é um livro acadêmico, é somente um romance. De qualquer maneira, sempre admirei muito o Chico, mas acho errado toda essa adoração... temos que admirar e tentar seguir o exemplo da caridade que ele praticava, mas jamais adorar ele como se fosse Deus ou o próprio Cristo. A quantidade de pessoas que acredita cegamente que Chico era a reencarnação de Kardec é assustadora... isso, que ele mesmo negou o fato. Ninguém quer estudar a codificação antes, e isso é uma pena muito grande.

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  14. "INTERESSANTE" FAZER UMA PESQUISA "HISTÓRICA" CIENTÍFICA DE UMA CARTA ORIUNDA DE UM ROMANCE.

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  15. Vejamos sua hombridade, ao ter a coragem de publicar meu comentário.

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  16. Prezada Graça, muita Paz!

    Para fins de conhecimento, gostaria de alguns exemplos sobre a sua afirmativa abaixo reproduzida:


    "À esse respeito faz-se por oportuno pontuar que grande parte de tais pensamentos e opiniões não comungam em absoluto com os ensinamentos presentes nas Obras Básicas da Doutrina Espírita."

    Abraços fraternos,
    Paulo Yokanã.

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  17. http://www.vinhadeluz.com.br/site/noticia.php?id=1782
    Artigo sobre o tema Publio Lentulus

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